Indicadores Sociais

O Semiárido é um espaço com grande concentração de terra, de água e dos meios de comunicação, que historicamente sempre estiveram nas mãos de uma pequena elite.

Essa situação gera níveis altíssimos de exclusão social e de degradação ambiental e são fatores determinantes da crise socioambiental e econômica vivida na região.

Olhando para a divisão das terras propícias à agricultura na região, os últimos dados são os seguintes:

As contradições e injustiças sociais que historicamente permeiam a região eram claras inclusive no acesso à renda, que reflete também uma forte desigualdade de gênero, no início dos anos 2000.

Nas últimas duas décadas, graças à constante mobilização social que provocou a implementação de políticas públicas estruturantes, o Semiárido experimentou uma  redução inédita da desigualdade regional do PIB per capita.

Desertificação x Deserto

A Convenção das Nações Unidas de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (UNCCD) estabelece que desertificação é o processo de degradação das terras nas zonas áridas, semiáridas e sub-úmidas secas. No Brasil, “as áreas susceptíveis à desertificação no Brasil compreendem 1.340.863 km2, incluindo 1.488 municípios, localizados em dez estados da região semiárida do nordeste, municípios no Norte de Minas Gerais e do Espírito Santo”, de acordo com o Instituto Nacional do Semiárido (INSA). 

As causas desse processo estão relacionadas às “práticas agropecuárias e antrópicas adotadas para o uso dos recursos naturais, especialmente da Caatinga, que levam à exaustão dos solos e, finalmente, da vida humana”. 

Essas áreas mais degradadas geralmente apresentam solos com baixo teor de fósforo e nitrogênio. Além disso, o desmatamento acelera a mineralização do que resta de matéria orgânica contribuindo com o déficit hídrico.

As consequências da desertificação não ficam restritas à localidade onde acontece o fenômeno, elas se apresentam nos âmbitos regional, nacional e global. Esses impactos estão são o empobrecimento da população local e declínio da qualidade ambiental nesses ambientes, provocando processos migratórios intra-regionais, perda de biodiversidade, perda de território produtivo do país e na elevação do risco social. Também há os aspectos negativos referentes ao clima do planeta, com a elevação da temperatura, interferências em processos biogeoquímicos, particularmente, na ciclagem da água e do carbono. 

Existem tecnologias sociais que auxiliem no combate à desertificação?

Sim, existem tecnologias sociais. Ao redor do mundo muitas famílias agricultoras experimentadoras em transição agroecológica, vêm respondendo às condições climáticas cambiantes, demonstrando inovação e resiliência frente às mudanças climáticas e desertificação. É o que se vê, por exemplo, na agricultura familiar agroecológica no Semiárido brasileiro, que vem promovendo processos de intensificação da produção baseados na valorização dos recursos locais, no emprego de tecnologias e práticas de manejo que diversificam os sistemas produtivos com atividades que se complementam e permitem a formação de estoques de riquezas (água, forragem, alimentos e sementes) e uma maior circulação de nutrientes dentro do agroecossistema, estratégias estas interligados com uma forte articulação social, organização e momentos sinérgicos de comunicação entre os diversos sujeitos com interesses em jogo nas comunidades ou territórios.

Estas observações foram sistematizadas por meio da pesquisa-articulação-ação, denominado Projeto ASA-INSA, que resgatou e mapeou sistemas agrícolas familiares camponeses em zonas áridas e semiáridas. A pesquisa mostrou que a adaptação às mudanças climáticas e desertificação nos agroecossistemas da região semiárida, passaram de um conceito a um fato, como consequência do conjunto de transformações estruturais, agroecológicas, sociais em combinação com o fortalecimento de mecanismos de reciprocidade comunitária, originados pela implementação de políticas públicas contextualizadas de convivência com a semiaridez adotadas.

A integração de Políticas Públicas ambientais, territoriais, patrimoniais e urbanísticas, é fundamental para que as ações possam se dar de forma concatenada, ao invés da dispersão de esforços verificadas em diversas áreas. Por último, destaco que um desafio chave, para a comunidade científica é definir marcos conceituais e metodológicos para decifrar os princípios e mecanismos chaves que explicam a resiliência dos sistemas diversificados, de tal forma que estes possam ser transmitidos a outras famílias camponesas e os formuladores de políticas públicas possam responder de maneira oportuna e eficaz.

Fonte: https://www.gov.br/insa/pt-br/assuntos/noticias/entendendo-sobre-desertificacao-conceitos-caracteristicas-causas-consequencias-e-solucoes