Oficinas temáticas discutem acesso a mercados no Semiárido
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Participantes dividiram-se em oficinas temáticas. | Foto: Viviane Brochardt |
Perspectivas de avanços e desafios a enfrentar. Essas foram as principais questões abordadas durante as oficinas temáticas que discutiram o Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) e as sementes nativas. As oficinas fazem parte da programação do primeiro dia (20) do Seminário Regional de Avaliação do PAA no Semiárido, que está sendo realizado em Salvador, na Bahia, até esta sexta-feira (21.
Pela manhã, os participantes se dividiram entre os três grupos temáticos que discutiram essas questões a partir da apresentação de experiências que são acompanhadas pelas organizações que fazem parte da Articulação no Sem-Árido (ASA). À tarde, os grupos apresentaram, em plenária, uma síntese dos principais pontos discutidos nas oficinas. O objetivo era o de socializar, sobretudo, as propostas para a melhoria nos acessos aos programas e a superação de desafios ainda presentes.
A oficina do PNAE trouxe à tona as dificuldades em tomar conhecimento das chamadas públicas para a participação no PNAE, em manter a regularidade da produção, e os problemas de infraestrutura das escolas. Por outro lado, as experiências apresentadas também apontaram para os avanços como a melhoria na renda das famílias e a saída de cena do atravessador.
A experiência da Associação de Pescadores e Pescadoras de Remanso (APPR), da Bahia, foi apresentada durante esta oficina. Fundada desde 2008, hoje a APPR é formada por 80% de pescadoras que beneficiam o peixe para fornecer filés, sardinha e linguiça de peixe através do PAA e do PNAE.
Para a integrante a APPR, Eliete Cunha, a Associação que foi criana inicialmente para poder acessar os programas, acabou trazendo outros benefícios, principalmente para as mulheres. “Organizamos os documentos das pescadoras, corremos atrás de outros direitos, estamos com projeto de fazer casa para as pescadoras que ainda não têm onde morar. Foi muito bom para mulheres, melhorou a renda, mudou a relação em casa, com o próprio esposo, e o respeito por elas mesmas”, afirmou a pescadora.
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Sementes nativas podem servir como ponto de partida para organização comunitária. | Foto: Viviane Brochardt |
Na oficina sobre o PAA, as experiências apresentadas trouxeram algumas das dificuldades como o preço vendido que muitas vezes é abaixo do mercado e a demora na análise das propostas. Algumas das sugestões para superar esses desafios foram o fortalecimento de redes já existentes, a necessidade de capacitações para gestão organizacional e financeira e a criação de bancos de alimentos em cada município.
Já na oficina que discutiu as sementes, trouxe duas experiências exitosas: a da Coopabacs, em Alagoas, e a do Polo Sindical da Borborema, na Paraíba. Apesar dos avanços já conquistados, ainda há desafios que precisam ser enfrentados, como o preço de algumas sementes, que é extremamente baixo, a falta de um orçamento regularizado para a compra de sementes e a complexidade do processo de venda, com a exigência de muitas certificações do agricultor. No entanto, o grupo trouxe uma conquista que é o anúncio do governo federal da liberação de R$ 10 milhões para a compra de sementes nativas, através do PAA, para a doação a famílias mais pobres.
RESGATE
O Seminário Regional de Avaliação do PAA no Semiárido trouxe algumas das questões que já haviam sido levantadas nos Encontros Estaduais da PAA que ocorreram desde o ano de 2010 nos estados que compõem a ASA. Uma síntese desses eventos foi apresentada aos participantes, juntamente com dados da Conab sobre o volume, em recursos, de acesso ao PAA pelos estados do Semiárido.