Presidente da Emater-PB participa de reunião da Rede Ater/NE

No último dia 1º de setembro, Geovanni Medeiros Costa, presidente da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural da Paraíba (Emater – PB), participou do Encontro de Formação da Rede de Assessoria Técnica e Extensão Rural do Nordeste (Rede Ater/NE), que foi realizada na cidade do Recife, em Pernambuco. Hoje no governo estadual da Paraíba, Geovanni, que já teve passagem por uma das organizações que integram a rede, apresentou o Sistema de Gerenciamento de Atividades em ATER (SIGATER). Ferramenta criada pela Emater e que tem possibilitado um olhar sistêmico para as unidades de produção familiar no estado. Na entrevista abaixo ele falou mais sobre o posicionamento político do estado da Paraíba em potencializar processos produtivos agroecológicos e destacou a importância da Rede Ater/NE na criação do sistema.
O que é o SIGATER?
É um sistema de informações gerenciais de assistência técnica e extensão rural desenvolvido agora nessa gestão do novo governo que se instalou na Paraíba e que nos ofereceu oportunidades, juntamente com a secretaria de desenvolvimento agropecuário e da pesca. Desenvolvemos um trabalho importante que foi o SIGATER, um sistema que contempla um sonho e que de certa forma esse sonho foi concebido por alguns de nós que já estivemos na dinâmica da Rede Ater/NE. Eu que passei pela AS-PTA e Jailson Lopes, que já esteve no Centro Sabiá [organizações que até hoje compõem a rede]. E hoje nós somos concursados da Emater – PB e estamos contribuindo para o desenvolvimento desse sistema que na verdade é um software que trabalha numa nova perspectiva de contemplar a diversidade das unidades de produção familiar. Ele contempla também atributos de sustentabilidade das unidades de produção, que antes não eram valorizados ou não eram percebidos. Experiência que, de certa forma, foi iniciada aqui, pois pra nós foi concebido de forma coletiva, a partir da nossa experiência na Rede Ater/NE. E essa presença aqui na reunião é de também compartilhar esse processo.
Vocês têm feito o lançamento das informações no SIGATER, mas também tem feito a ficha de cadastro das chamadas públicas?
Temos que fazer os dois cadastros, por enquanto. Existe o sistema que foi estabelecido pelos critérios da chamada pública, o contrato que a gente e compromete a postar aquelas informações. O que a gente percebe é que o SIGATER foi mais além, ele contempla as informações requeridas pelo ministério, mas nós geramos informações que contemplam a diversidade das unidades de produção e também fornece indicadores sociais, ambientais e econômicos que permite dinamizar a economia de um município e até do próprio estado e orientar também as políticas públicas, a exemplo de organizar a produção em torno do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA). Estamos colaborando também com indicadores sociais ligados à saúde, às farmácias vivas, educação e perceber o que é que está acontecendo em uma determinada comunidade e como é que pode apontar pra outros caminhos. Quer dizer, cada conselho municipal vai poder, de base dessas informações geradas pelo diagnóstico desenvolvido pela Emater – PB, planejar como é que pode subsidiar a população de questões do ponto de vista mais coletivo.
Como é agora enquanto estado levar esse olhar da agroecologia pra ser aplicado enquanto política?
É desafiador, porque é romper com paradigmas. Alguns setores da agricultura na Paraíba estranharam o fato de, não só o presidente, mas a instituição Emater – PB ter uma nova atitude em não apoiar iniciativas que contemplem aplicação de agrotóxicos, de veneno. Significa dizer que a gente respeita a opção de cada um, mas enquanto Emater – PB estamos fazendo a opção de fortalecer a agricultura familiar em base agroecológica, mas tudo isso só é possível porque na Paraíba tem um governo de estado diferente. O governador Ricardo Coutinho, inclusive, conhece muito bem o significado da agroecologia, da produção de alimentos saudáveis, e também a equipe que ele constituiu. O secretário de estado da agropecuária e da pesca, Marenilson Batista, também tem raízes na agricultura familiar. Eu que fui professor de extensão rural, numa perspectiva da construção do conhecimento. Na equipe da Emater – PB tem também Jailson Lopes, que teve uma participação importante no Centro Sabiá, em Pernambuco, que trabalhou também nessa dinâmica. Então, nós estamos reunindo essas forças e o momento é oportuno para que a agricultura familiar em base agroecológica se fortaleça cada vez mais na Paraíba, mas ainda se tem muitos desafios.
O que significa para as famílias agricultoras todo esse trabalho que vem sendo desenvolvido no estado, a partir da agroecologia, e da criação desse sistema?
Estamos trabalhando com esse sistema na lógica de que o assessor técnico tem um papel na construção do conhecimento e na relação com as famílias, onde a família protagonista no desenvolvimento da sua unidade de produção e com a possibilidade de dialogar com o técnico para também enriquecer suas experiências. Lá na Paraíba nós temos outras instituições a exemplo da ASPTA, PATAC e COOPTERA que estão trabalhando as chamadas públicas de ATER, assim como nós. E a atuação da Emater – PB tem sido de tentar evitar sombreamento de ação, de maneira que a assessoria pública possa abranger o maior número de famílias agricultoras sem a ideia da concorrência com essas organizações. A gente quer que a agricultura familiar seja cada vez mais fortalecida e principalmente uma agricultura que não traga em seus princípios aplicação de agrotóxicos, mas sim a produção de alimentos saudáveis. Para elaborar o SIGATER nós fizemos um intercâmbio de 30 técnicos da Emater que estiveram presentes na sede da ASPTA fazendo o exercício de processo de abordagem sistêmica de propriedade.
A Emater – PB criou o sistema a partir das demandas do diagnóstico presente nas chamadas públicas de ATER que participa ou é um movimento anterior que se adequa para além desses diagnósticos?
Na verdade era um projeto que tínhamos, eu e Jailson, em perceber uma propriedade não só pelo aspecto da renda, mas também de outros aspectos de sustentabilidade importantes, como os bancos de sementes, gerando autonomia para as unidades de produção, suporte estratégico forrageiro, contribuindo para a resistência desses agroecossistemas e tantas outras ações que a gente já percebia que eram importantes. E com essa nova missão enquanto presidente da Emater, nós tivemos oportunidade de ampliar, de dinamizar e de agregar em nossa equipe de trabalho algumas capacidades e talentos que tinham dentro da EMATER, a exemplo dos analistas de sistemas que também incorporaram essa equipe pra desenvolver o SIGATER, com essa percepção de valorizar a diversidade presente não só das unidades de produção familiar, mas também de construir um banco de dados que possa também fazer o diagnóstico dos territórios, das comunidades, dos municípios. Só pra teres Pra se ter ideia, a Emater – PB já estabeleceu convênio com 128 prefeituras da Paraíba, até o momento. O que significa que nós da Emater – PB e os gestores públicos municipais estamos dizendo que a agricultura familiar de base agroecológica é importante para os municípios, estamos desenvolvendo uma ação conjunta e esse sistema veio a favorecer esse convênio. A gente está gerando um banco de dados, que pode dar percepções importantes pra o gestor, como também pra os movimentos sociais, os conselhos de desenvolvimento rural, para colaborar no plano municipal de desenvolvimento e várias iniciativas.