“Água é uma Benção”, dizem as agricultoras/es de Minas Gerais

Agricultores e técnicos avaliam o P1+2 no Vale do Jequitinhonha
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Agricultoras e agricultores do Vale do Jequitinho avaliam o P1+2

Com o intuito de avaliar e propor melhorias para o Programa Uma Terra e Duas Águas – o P1+2, da Articulação no Semi-Árido, agricultores de seis municípios que já foram ou estão sendo atendidos pelo programa, pedreiros e técnicos se reuniram na Diocese de Araçuaí, ontem e hoje (5 e 6).

Numa dinâmica inicial, os participantes ajudaram a construir simbolicamente o emblema do P1+2 relembrando suas funções nessa construção.

Na sequência, através de uma apresentação fotográfica, todos relembraram o processo desde a mobilização até a comercialização dos seus produtos, lembrando a importância do mutirão que aconteceu em diversas comunidades por onde o programa passou, fortalecendo laços de solidariedade entre os moradores.

O próximo passo dessa avaliação foi uma visita de intercâmbio à casa de Dona Lindaura Barreto e Seu Edivaldo Barreto, o Seu Nem, na comunidade Vargem João Alves, em Araçuaí. Diante da seca que está assolando a comunidade a família relembrou os tempos de quando não tinha água e andava por duas horas para tomar banho e apanhar um pouco de água barrenta da lagoa, todos os dias. “A gente ia tomar banho e quando voltava já tava precisando tomar de novo”, relembra Dona Lindaura.

Em contraste com a paisagem seca, hoje, a propriedade está repleta de frutos. São bananas, mamões, abacaxis, entre outros frutos do esforço da comunidade para ter acesso à água, que unida ajudou a construir as tecnologias com a chegada do projeto. “Teve dia de tardinha que eu contei 16 pessoas ajudando e a maioria era mulher, porque os homens estavam para as usinas”, contou Dona Lindaura aos visitantes emocionados.

A visita contribuiu para alguns dos participantes, como a agricultora Betânia, da comunidade Bugre, município de Virgem da Lapa, que estão recebendo a primeira chuva na cisterna-calçadão observarem alguns cuidados que devem ter com a tecnologia e algumas dicas sobre como aproveitar o espaço do quintal. “Eu achei muito interessante eles usarem a tela para cercar o calçadão e como estão dividindo a plantação que tem raiz menor mais próxima do calçadão e as maiores pelo lado de fora. Isso mostra o zelo pelo bem que eles receberam. Vou fazer igual na minha casa” disse Betânia.

No momento avaliativo, as famílias partilharam a gratidão pelo acesso à água, mas perceberam, através da facilitação dos animadores, que esta não é uma conquista de instituições, mas deles próprios, uma vez que foi fruto de sua mobilização e os próximos frutos vão depender do cuidado e do uso da tecnologia.

Avaliaram também que, assim como a água de qualidade, a organização social promovida pela chegada dos programas da ASA vai auxiliar na conquista de outras políticas públicas, como estradas e educação de qualidade, uma vez que faz as famílias despertarem para avaliar o que lhes falta e de quem é a responsabilidade disso, seja dos sindicatos de trabalhadores rurais, das demais entidades, das prefeituras ou delas próprias.

No Vale do Jequitinhonha foram construídas 340 cisternas de 52 mil litros, 14 barragens subterrâneas, tanques de pedra e 5 bombas d’água populares para incentivar a produção agrícola. Este mês estão sendo entregues mais 76 cisternas-calçadão, 5 barragens e 5 tanques de pedra nos municípios de Itinga, Ponto dos Volantes e Berilo.

 

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