Agricultores e agricultoras de Sergipe participam do I Encontro de Acesso à Terra
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A luta pela terra marca a vida de milhares de famílias que vivem no Semiárido. Homens e mulheres buscam um pedaço de chão para morar, plantar e criar os filhos com dignidade. Nos dias 10, 11 e 12 de agosto, em Teresina (PI), será realizado o I Encontro de Acesso à Terra no Semiárido, uma oportunidade para debater a temática, trocar experiências e propostas para efetivação desse direito que é apenas marcado por muitas lutas e massacres.
Sergipe será representado no evento por dois agricultores e uma agricultora. Um deles é Silvestre, conhecido por Gecílio, presidente da Associação dos Produtores Rurais da comunidade do Agostinho, no município de nossa Senhora da Glória. Em 2002, surgiu na comunidade a oportunidade do tão sonhado acesso à terra, através de um programa chamado Banco da Terra, que possibilitou a associação comprar uma fazenda para 50 famílias.
O que a comunidade não sabia é que teria que pagar tão caro por essa terra, então, o sonho se tornou num pesadelo que tira o sono dos moradores, pois com os juros altos e a associação impossibilitada de angariar mais recursos, se tornou impossível a quitação da dívida.
A comunidade vive com o medo da desocupação da fazenda, pois o banco já anunciou um possível leilão. “Nós já estamos com as casas construídas, nós temos cisternas, nós temos cercados, a gente tem um tanque que foi cavado, não vejo caminho pra que possa resolver, faço reunião com o pessoal, não tem como, estamos todos engarrafados”, diz Silvestre, que ver o encontro como uma ponta de esperança na resolução desse problema. “Quem sabe lá eu não tenho uma luz do que eu possa fazer” completa.
Seu Paulo, que também vai participar do encontro, conquistou a terra através das lutas dos movimentos sociais. Ele hoje mora no assentamento Valter Farias, no município de Poço Redondo, e há cinco anos espera a construção das casas pelo Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). “Eu acredito que nesse encontro a gente possa encontrar esse povo do Incra e outras pessoas que estão passando pela mesma situação”, diz o agricultor. “O meu sonho é construir uma cisterna-calçadão. Eu tenho a terra, cerquei, planto, roço”.
Com esse sentimento de conquistas que resultam em mais lutas, os agricultores e as agricultoras não perdem a esperança de melhorar de vida. Assim nos ensina Seu Paulo com bastante convicção em torno desse importante tema que é o acesso à terra. ”O que a gente não pode é aceitar que meia dúzia de gente seja dono de tudo e a maioria da população seja invisível. A terra é nossa foi Deus que deu a nós”.