Agricultores do Semiárido participam de Feira da Agricultura Familiar
Feira de produtos da agricultura familiar movimentou praça central de Assunção do Piauí | Foto: Paula Andreas |
Frutas, verduras, hortaliças, mel, ovos, pequenos animais, artesanatos e muita música foram os atrativos da I Feira da Agricultura Familiar de Assunção do Piauí, que aconteceu durante a manhã do sábado (16) na praça central do município. O evento teve como objetivo promover espaços de venda direta dos agricultores familiares, incentivando a independência dos atravessadores, gerando assim uma remuneração mais justa e preços finais mais acessíveis aos consumidores.
As feiras voltadas para a produção familiar é uma forma de estimular o empreendedorismo entre os pequenos produtores através da comercialização direta de sua produção. A ideia é que ela se fortaleça e continue acontecendo no município, como explica o presidente do STTR, Caetano Silva. “Essa é a apenas a primeira feira. É um experimento. O objetivo maior é que ela aconteça pelo menos de 15 em 15 dias e futuramente, quem sabe, não possa vir acontecer toda semana”, diz.
Caetano Silva destacou ainda a consciência dos agricultores que participaram da feira sobre a importância da produção orgânica. “A feira da agricultura familiar também é referência de compra saudável de alimento, um local onde as pessoas possam ir comprar um produto de qualidade, sem agrotóxico”, explica.
O agricultor Manoel dos Nascimentos Sales da Maia, da comunidade Croatá, é um dos beneficiários do Programa Uma Terra e Duas (P1+2), da Articulação no Semi-Árido (ASA), que participou da feira. Para ele, a produção orgânica é o ponto forte do seu produto. “Eu não uso veneno nas minhas plantas, porque veneno todo mundo sabe que mata. E se eu não uso e as pessoas sabem, elas vem comprar”, diz.
O P1+2 beneficia famílias com a aquisição de tecnologias sociais que permitem o armazenamento de água capaz de manter a plantação no período de estiagem. A cisterna-calçadão, com capacidade de armazenar 52 mil litros de água da chuva, é muito utilizada na produção de quintais produtivos. Durante o programa, as famílias beneficiadas passam por capacitações e são orientadas a produzir de forma orgânica, respeitando o meio ambiente, praticando a agroecologia.
Manoel levou para a feira coentro, cebola de palha, abóbora, ovos, além de outros alimentos que produz no seu quintal, utilizando a água da cisterna. Em sua primeira experiência com as feiras, ele conta que ficou feliz com o resultado. Geralmente o que produz, o agricultor vende nas comunidades vizinhas ou mesmo no município, mas batendo de porta em porta. “Eu gostei muito da feira. Vendi quase tudo que levei, apurei quase R$ 100,00, geralmente apuro R$ 60,00 por dia de venda”, conta.
O coordenador José Maria Saraiva, do Centro Regional de Assessoria e Capacitação (Cerac), organização responsável por desenvolver o P1+2 na região, destaca a importância do Programa para o município e as transformações percebidas a partir dele. “É uma satisfação ver que esses agricultores, que antes não tinham perspectivas por não terem nem a água para beber, hoje estão produzindo para o consumo e até para a venda. Com isso, a gente percebe o resultado positivo e a mudança proporcionada pelo programa a essas famílias”, diz
O projeto das Feiras da Agricultura Familiar é uma iniciativa da Escola de Formação Paulo de Tarso, através de um convênio com o Ministério do Desenvolvimento Agrário e com o apoio do STTR, Emater, CONAB, Prefeitura e as associações ligadas aos agricultores familiares. Ainda está previsto a realização no Território dos Carnaubais, seis feiras da agricultura familiar, a expectativa da entidade é que os outros territórios da cidadania no Piauí também sejam contemplados com o projeto.