Agricultores agroecológicos de PE conquistam certificação de orgânicos
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Produzir alimentos sem abrir mão do cuidado com o meio ambiente e com a nutrição das pessoas. Esse é o desafio diário que agricultores e agricultoras familiares da Associação Agroecológica do Sertão do Pajeú (AASP) tem quando vão para a roça e dela tiram o sustento e a alimentação dos seus filhos, parentes, amigos e vizinhos. O trabalho já era prestigiado entre os moradores dos municípios do Pajeú com as feiras agroecológicas, mas agora o reconhecimento é oficial e veio do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) no dia 13 de julho.
Nesse dia, 45 agricultores e agricultoras que fazem parte da AASP receberam do Diretor da Divisão de Política, Produção e Desenvolvimento Agropecuário, José Alves, a Declaração de Cadastro de Produto Vinculada a Organização de Controle Social. De acordo com a produtora Teresinha Amara, de São José do Egito, o reconhecimento veio em boa hora, pois há dois anos esse grupo batalhava para conseguir esse objetivo. “Desde que soubemos da Lei dos Orgânicos (Lei nº 10.831) fomos atrás de informações e nos unimos. O resultado veio hoje”, relembra Amara que há seis anos comercializa seus produtos na feira e há três anos participa do Programa de Aquisição de Alimentos.
De fato, a luta dos agricultores não é de hoje e nem começou com a Lei dos Orgânicos. “Esse processo começou em 2001. Os agricultores começaram a se reunir e, em 2001, fundaram uma Feira Agroecológica em Afogados da Ingazeira e, em 2002, em São José do Egito. A gente foi se organizando, se organizando e começou a se pensar em uma Associação que foi fundada em 2005 e hoje nós estamos recebendo essa declaração que, para nós, é muito importante”, resumiu Adalberto Jorge, presidente da Associação.
A declaração credencia os agricultores a venderem diretamente seus produtos aos consumidores com um acréscimo de até 30% acima do valor de mercado. Porém, os agricultores se preocupam mesmo é com a qualidade dos alimentos que será repassado à população. “Onosso alimento fresquinho também é vendido para as prefeituras e vai para a merenda escolar. Antes a merenda vinha prontinha de Brasília e hoje vendemos nossos produtos e amanhã eles já estão nas escolas e os alunos comem dessa comida fresca e sem veneno”, reflete Adalberto Jorge, presidente da Associação.
Agroecologia – As frutas, ovos, galinhas e verduras produzidos de forma agroecológica tem por meta alimentar a população e cuidar do meio ambiente utilizando de forma inteligente a água e o solo. A agroecologia é uma proposta de agricultura que se contrapõe ao agronegócio. Sendo assim, o agricultor e a agricultora são valorizados, os alimentos são produzidos sem venenos e há uma proposta de fazer com que a natureza interaja para que a produção daquele produto não ofereça destruição ambiental. De acordo com a pesquisadora da Embrapa, Cristiane de Jesus Barbosa, a produção orgânica não muda em nada o modelo de agricultura que vivemos no qual a dependência do agricultor aos insumos e o lucro ainda é centro das questões. “É a forma de simplificação do problema, uma abordagem não holística do sistema agrícola, uma abordagem simplista, principalmente porque conserva o modelo de monocultivos”, explica a pesquisadora em um dos seus artigos.