Agricultura familiar ganha força na educação e na produção
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Foi realizado nos dias 6 e 7 de julho o Encontro Territorial que debateu a atual situação da agricultura familiar e quais são os seus desafios. O evento contou com a participação das comunidades dos municípios de Bonito de Minas, Japonvar, Cônego Marinho, São Francisco, Januária, Pintópolis, Chapada Gaúcha e Pedras de Maria da Cruz e de estudantes da Escola Família Agrícola Tabocal.
Durante o evento se descobriu que o setor está crescendo e ganhando espaço na sociedade sendo a Escola Família Agrícola (EFA) e a subsecretaria da Agricultura Familiar conquistas dessa luta. Os agricultores, durante o debate, apontaram como necessidades da agricultura familiar a educação do campo e uma assistência técnica que entenda a cultura social e a forma de manejo de produção da agricultura familiar, que é diferente da monocultura e do agronegócio.
Outro tema de destaque foi o surgimento dentro do Estado de Minas da subsecretaria da Agricultura Familiar, um espaço de discussão sobre o acesso dos agricultores ao mercado.
José Antônio, superintendente da Agricultura Familiar, conhecido como Ti Zé, participou do encontro. “É inédito em Minas Gerais a criação de um espaço como este. Ele não veio por acaso, foi através de reivindicações das organizações civis. O agronegócio sempre teve espaço, crédito. A agricultura familiar só tinha a política pública voltada para a segurança alimentar e nutricional (Sisan). Agora temos a oportunidade de criar uma política de Estado para fortalecer a agricultura familiar que passa por responder os gargalos dos agricultores e agricultoras”, disse.
Outra instância importante que está sendo construída é um fórum que terá como papel traçar as estratégias de monitoramento e aplicação das políticas públicas para a agricultura familiar, um espaço composto por Emater, IMA, AMA, FETAEMG, Via Campesina, ASA, CECAMG-UFOP, MDA, Conab, Secretaria da Fazenda, Secretaria da Educação, Secretaria da Saúde. O objetivo é diminuir os problemas, construir um espaço permanente de diálogo e resolução dos problemas.
Ti Zé nos conta que um dos entraves que enfrentam envolvendo a agricultura familiar diz respeito ao acesso à terra, à água e ao credito. Ele espera que se não conseguirem resolver todos os problemas, pelo menos se caminhe na perspectiva de articulações entre Estado, municípios e agricultores para dinamizar recursos, aproximar parceiros e potencializar o modelo de produção da agricultura familiar agroecológica.
Os participantes presentes como Rosane Rodrigues e Maurílio Gonçalves, que são estudantes, e o agricultor Domingos, disseram que o que mais chamou atenção nas conversas foi descobrir que as escolas hoje são obrigadas comprar pelo menos 30% dos alimentos da agricultura familiar. Outra importante ação destacada pelos participantes é a construção de cisternas de captação da água da chuva para beber e produzir alimentos, da Articulação do Semi-Árido (ASA), pois várias comunidades enfrentam a seca ou utilizam águas impróprias para o consumo humano e não têm alternativas para produzir alimentos no período de estiagem.
Outro encaminhamento foi informar as comunidades sobre programas de acesso ao mercado como PAA e PNAE e acesso água, através da ASA. Também se debateu o acesso à educação contextualizada, tirando como encaminhamento a disseminação das Escolas Família Agrícola e seu trabalho com a formação de jovens para a vida no campo, oferecendo aos jovens a possibilidade de realizar o segundo grau completo junto da formação de técnico agrícola para construir projetos de desenvolvimento sustentável dentro de suas comunidades.