Quintais produtivos transformam a vida de agricultoras de Castelo do Piauí

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Água da cisterna-calçadão potencializa os quintais produtivos

Vitória Soares e Maria do Desterro, agricultoras de Castelo Piauí, colhem o que plantam; tudo fresquinho, no quintal de casa. Hoje as duas já têm água em casa para beber e plantar, uma realidade que há alguns anos era difícil de imaginar. As agricultoras da comunidade Manoel dos Santos, relembram sem nenhuma saudade da época em que tinham que caminhar bastante para pegar água para beber e cozinhar. 

Mesmo com a dificuldade no acesso à água, a agricultora Vitória Soares conta que sempre gostou de plantar e, por isso, cultivava um canteirinho no quintal de casa, “mesmo com o sofrimento de ter que carregar lata d'água na cabeça para molhar minha pequena horta”, diz. Maria não tinha a mesma disposição da amiga Vitória, mas alimentava o desejo de ver seu quintal bonito o ano todo.

Essa realidade começou a ser transformada quando a comunidade foi beneficiada com o Programa de Formação e Mobilização Social Para Convivência com o Semiárido da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA). Primeiro chegou o Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC), com a construção de uma cisterna que acumula água para consumo humano. Em seguida, seis famílias da comunidade também foram beneficiadas com a cisterna-calçadão, do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), cuja água é utilizada na produção de alimentos e criação animal.

As agricultoras também participaram dos intercâmbios desenvolvidos pelo P1+2. Nessas viagens, para troca de experiências, elas conheceram vários tipos de canteiros e formas de cultivar a terra. Vitória conta que ao chegar à comunidade foi testando em suas terras o que via nas viagens e, hoje, possui em seu quintal frutas, verduras e legumes que utiliza para a alimentação da família.

Outra lição importante que as agricultoras aprenderam nos encontros e capacitações foi que não se deve usar agrotóxico e nem fazer queimada para limpar a área, pois só assim a terra fica produtiva por muito mais tempo. “A produção aqui é toda limpa, sem o agrotóxico. A gente não usa veneno e nem queima o mato para não prejudicar o solo e as plantas”, ensina Maria do Desterro.

Ela tem em seu quintal pés de laranja, acerola, manga, goiaba, milho. Em seu canteiro ela planta cebola, abóbora, tomate, pepino e alface, além das plantas medicinais: vick, boldo, hortelã e penicilina, que recebeu do P1+2. Ela diz que remédio de farmácia agora só compra se for receitado pelo médico. Enfermidades simples como gripe é tratada com o que planta no quintal de casa. “Quando os meus meninos pegam gripe eu faço lambedor com mel. Deixo ele adormecer para ficar bem forte e dou para eles beberem, cura que é uma beleza”, explica.

As agricultoras de Manoel dos Santos vão ter a oportunidade de falar sobre seus quintais produtivos e contar suas experiências para outras pessoas no II Encontro Nacional de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido. O encontro será realizado de 27 a 29 de abril, em Pesqueira, no Agreste Meridional de Pernambuco, e envolverá agricultores e agricultoras de todo o Semiárido brasileiro e também de outros países.

“Vai ser uma experiência muito boa pra gente trocar conhecimentos, aprender mais, que é sempre bom, Com certeza, vou aprender muito com os outros agricultores”, almeja Vitória.

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