Intercâmbio entre agricultores e agricultoras: uma troca de conhecimentos

Trocar conhecimentos. Esta é a frase usada pela agricultora Maria Irismar, da comunidade Vertente, no município de Choró Limão, no Sertão Central do Ceará, ao participar do intercâmbio intermunicipal entre agricultores e agricultoras, que aconteceu nos dias 25 e 26 de março, em Barreira, no Ceará.
A atividade foi realizada pela Obas e faz parte da dinâmica de mobilização do Programa P1+2, da Articulação no Semi-Árido (ASA). Participaram representantes de três municípios onde o P1+2 está sendo executado neste ano de 2011.
No primeiro momento os/as participantes debateram a questão da segurança hídrica e sustentabilidade. O tema gerou discussão sobre as diversas formas de preservar os rios, açudes, lagos, poços, água da cisterna, entre outros recursos.
Outro debate girou em torno das dinâmicas de mobilização da ASA. O intercâmbio foi o ponto explorado. Eles/as reconhecem que esta atividade fortalece a agricultura familiar, uma vez que a troca de conhecimentos possibilita aprendizado sobre novas práticas produtivas.
No segundo momento foi visitada a experiência de dona Océlia Santiago e seu Antônio Freitas, conhecido como Tanin, na comunidade Uruá, município de Barreira.
Dona Océlia relatou sua experiência de quintal produtivo, horta orgânica e fabricação de doces. Mesmo sofrendo as consequênciais de uma hérnia de disco, a agricultora fez questão de acompanhar os/as visitantes para contar como a vida de sua família mudou.
A família de dona Océlia sempre batalhou para sobreviver em terras arrendadas até adquirirem 12 hectares de terra. “Trabalhamos muito em terras dos outros, mas conseguimos este pedaço de chão e estamos vivendo melhor com nossa plantação”, declara a agricultora.
Mas, a prática agroecológica desenvolvida pela família foi intensificada a partir dos encontros promovidos pela ASA. Eles/as são beneficiados com uma cisterna da Associação Ética e uma cisterna–calçadão da ASA. Com a segunda água para produção, dona Océlia passou a produzir a maior parte de sua alimentação de forma sustentável. “Temos uma alimentação saudável e isso tem contribuído com nossa saúde. Vivemos bem”, diz.
Atualmente sua plantação de cheiro verde, alface, pimentão, tomate, pimenta de cheiro, salsinha, berinjela, entre outras, serve de exemplo para outras famílias da região, não somente pela variedade, mas, sobretudo pela forma de cultivá-la. Eles plantam e colhem sem usar nenhum tipo de herbicidas e cuidam da terra como principal fonte de vida.
Dona Océlia já participou de vários intercâmbios e até do VI Encontro Nacional da ASA (Enconasa). Seu Tanin e Amália Santiago, sua filha também participaram de intercâmbios. O mais importante dos beneficiamentos, de acordo com a família é a discussão e dinâmica de mobilização por um semiárido sustentável.
Os incentivos de dona Océlia e sua família contagiaram os agricultores e agricultoras, que saíram animados/as e convictos/as de que é possível cultivar uma plantação diversificada mesmo em terras semiáridas. “Foi muito bom conhecer a experiência de dona Océlia. Tem muita coisa aqui: é fruta, verdura. Vou levar este conhecimento para minha comunidade”, diz José Maria, conhecido como Hosanan, do município de Canindé.