Participantes da ASA avaliam a Conferência Internacional sobre desertificação

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A participação da sociedade civil organizada foi tímida na Segunda Conferencia Internacional sobre Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento em Regiões Semiáridas (ICID + 18), que foi encerrada na última sexta-feira (20), em Fortaleza. Para avaliar os resultados do evento que colocou o Semiárido no centro das discussões sobre desertificação, o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido (FCVSA) fez uma entrevista com dois participantes da ICID: Ecilio Ricardo, assessor da Federação dos Trabalhadores da Agricultura do estado do Ceará (Fetraece), e Mário Farias, da ONG Diaconia, que faz parte da ASA.

FCVSA – Qual a importância da participação dos movimentos sociais no ICID e como você avalia essa participação?
Ecilio –
Os movimentos sociais tiveram uma participação relevante na ICID referente aos temas debatidos, pois nós temos conceitos diferentes (críticos) para a realidade dos semiáridos, comparada à visão dos poderes públicos e alguns cientistas ali presentes. Mas, poderia ter sido melhor e com maior representação.

Mário –
Na minha compreensão ainda de forma tímida, tanto por parte da iniciativa da organização do evento em apresentar propostas das bases para os debates, como também a própria disposição de representações da sociedade civil em se fazer presente à Conferência.

FCVSA – O que o semiárido nordestino ganha com a realização do ICID aqui?
Mário –
Para mim, um dos principais aspectos é a visibilidade, continuidade e fortalecimento da lógica do desenvolvimento sustentado, colocando cada vez mais o SAB no epicentro das discussões sobre Clima e Desertificação.

FCVSA – Como você avalia as discussões?
Ecilio –
Primeiro o tempo de debate (discussões) foi muito pequeno para se fazer o aprofundamento necessário para cada tema, visto que há uma distância considerável entre o que se fala e escreve sobre a sustentabilidade do desenvolvimento e o que é posto na prática especialmente pelos governantes. Contudo, boa parte das contribuições deve ser aproveitada nos debates posteriores à ICID que acontecerão em outros espaços de construção do conhecimento e intercâmbios de experiências. Penso que, se os debates seguirem até a Rio+20, certamente vai enriquecer esse processo no Brasil e no mundo.

FCVSA – Que sugestões apontadas poderão contribuir com o desenvolvimento sustentável no semiárido?
Mário –
A sinergia entre as Conferencias da ONU (UNCCC, UNCCD e UNCBD) e a prioridade da participação da sociedade civil nos processos de discussão, elaboração e decisão sobre os temas aos quais diz respeito à Conferência (Clima, Desertificação, Desenvolvimento…)

FCVSA – A partir das discussões e encaminhamentos, é possível visualizar um futuro melhor no Semiárido, do ponto de vista sustentável e solidário?
Ecilio –
Na verdade o que saiu foi uma carta de intenções e isto pode contribuir para a elaboração de políticas ou não. O que é visível é o que já existe de experiências e tecnologias implementadas e comprovadas do ponto de vista sustentável e com valor imprescindível para o desenvolvimento do Semiárido. 

FCVSA – Qual o papel da sociedade organizada diante das decisões e como poderá se inserir nelas?
Ecilio –
O papel da sociedade organizada é: primeiro monitorar (fazer controle social) das políticas públicas e programas em execução e a serem executados. Segundo, fortalecer a luta para ampliar as conquistas de mais recursos, terra, melhor gestão das águas e fortalecimento das instituições defensoras das idéias de convivência com Semiárido produzindo melhor qualidade de vida sem degradar o ambiente.

FCVSA – Quais as expectativas de futuro?
Ecilio –
Que as intenções declaradas na Carta de Fortaleza sejam a base para a formulação de projetos, programas e políticas eficazes e exeqüíveis dos governantes em todas as esferas de poder: local, territorial, estadual, regional, nacional, etc. Para isto implica uma maior mobilização social e política com força para pressionar por essas decisões. É preciso combater o desenvolvimento sustentável na visão do agronegócio e ter força política para implementar o projeto alternativo de desenvolvimento sustentável que a sociedade civil organizada defende e acredita.

FCVSA – Como você avalia o evento?
Mário –
Os conteúdos foram bons, faltou mais debate, continuamos em detrimento nas apresentações comprometendo as discussões. Uma coisa que me incomodou foi o fato da língua inglesa ter sido mais valorizada que o nosso Português. Contudo estou muito contente em ter participado e contribuído em alguns debates, principalmente relacionados com o Combate a Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca.

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