“Salve, salve a caminhada! Salve, salve a Romaria!”

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Na margem esquerda do rio São Francisco, cerca de 1.500 pessoas estiveram reunidas “em busca da nova aurora, de um novo dia” para o rio e a população ribeirinha. Era a 14ª Romaria das Águas e da Terra de Minas Gerais, que aconteceu dia 18 de julho, no município de Januária, norte do estado.

Quilombolas, índios Xakriabá, vazanteiros, pescadores, agricultores, assentados e acampados da reforma agrária, agentes de pastoral, representantes de movimentos sociais urbanos e rurais e outras pessoas de todo o estado estiveram em romaria. Eles vieram em defesa das comunidades tradicionais, em enfrentamento aos grandes projetos de grupos empresariais e latifundiários e a favor de uma revitalização popular do Rio São Francisco.

Com o tema “Terra e água partilhada, herança de Deus resgatada” e o lema “Nas terras e águas dos Gerais, a memória da resistência de nossos ancestrais”, a Romaria teve a vida do rio São Francisco e a ancestralidade do povo ribeirinho como elementos centrais de sua celebração.

A 14° Romaria das Águas e da Terra foi organizada pela Comissão Pastoral da Terra (CPT), Cáritas Diocesana de Januária, Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Mitra Diocesana, Irmãs Paroquiais de São Francisco e da Divina Providência, além das Paróquias Sagrada Família e Nossa Senhora das Dores, ambas do município de Januária.

Povo novo, retirante e lutador
A luta pela preservação do rio São Francisco e por um projeto popular de revitalização, que leve em consideração a vida do rio e do seu povo, foram os temas mais refletidos pelos romeiros. Eles denunciaram a privatização das águas, o agronegócio e a violência do capital financeiro, que adequa o ser humano e a natureza ao fator econômico. 

Para Irmã Angelina Boff, da Pastoral da Criança, todas as pessoas têm a obrigação de cuidar do rio. “A Romaria foi um grito de apelo para todos caminharmos juntos nessa causa, independente de sermos católicos ou não”, afirma.

Localizado no Alto Médio São Francisco, o município de Januária é uma região marcada pela presença de comunidades tradicionais, que tem como base de desenvolvimento as riquezas doadas pelo rio, impregnadas na vida de seu povo.

A agente do Cimi, Maristela Mota, explica como o rio é fundamental na vida destas populações. “É interessante observar a importância dos territórios e o elo que sempre contribuiu para a resistência desses povos, o rio São Francisco foi e continua sendo este elo”, acredita Maristela.

Essas comunidades lutam para garantir e preservar seus territórios dos latifundiários e da implantação de grandes projetos de grupos empresariais. Isidoro Revers, agente da CPT, relembra os impactos de um desses projetos. “O projeto Jaíba, tira 80 mil m³ de água do rio São Francisco por ano. E para quê? Para produzir frutas e exportar para o exterior”, afirma.

Para Delze Santos, integrante da Rede Nacional de Advogados e Advogadas Populares (RENAP), não se pode permitir que<

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