ASA Potiguar: 10 anos de Um Novo Semiárido
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Faltam dois meses para o VII Encontro Nacional da Articulação no Semi-Árido Brasileiro (EnconASA), evento que deverá marcar o ponto alto das celebrações dos 10 anos da ASA. Já em contagem regressiva, o programa de rádio A Voz do Semiárido retoma o Projeto Memórias de Um Novo Semiárido, uma homenagem da Diaconia ao aniversário da rede.
O entrevistado foi o coordenador da ASA pelo Estado do Rio Grande do Norte, José Edson Araújo. Ele fala como foram construídas novas relações de gênero na região, os saberes e modos de produção agrícola apropriados para o Semiárido, a valorização das culturas ecologicamente sustentáveis e tantas outras mudanças na paisagem da Caatinga potiguar. Acompanhe a entrevista!
Semiárido potiguar no passado
“Antes o que se via por toda a parte era a paisagem seca, o chão rachado, animais mortos na beira da estrada, pessoas com semblante triste, olhar distante, inclusive, essa era a concepção predominante a respeito da região, divulgada intensamente pelos meios de comunicação. Era comum famílias vagando sem destino, fugindo das terríveis secas. Porém, entre as décadas de 60 e 70, ou seja, período da ditadura, começa-se, mais por intermédio da Igreja Católica, a questionar essa seca, a se pensar em transformações. Mais tarde, com a abertura política, a população integra essa mobilização por mudanças no Semiárido, ciente de que o problema da região não era mas a seca e, sim, a cerca.”
Organização social em defesa do Semiárido
“Entre as décadas de 70 e 80 a discussão a respeito de recursos hídricos no Nordeste girava em torno de grandes projetos. As pessoas e organizações que começaram a se inquietar em relação à situação das famílias rurais do Semiárido começaram a refletir e discutir políticas públicas para tornar viável a vida na região, já contestando essa lógica de obras gigantescas e inacessíveis às reais necessidades da mulher e do homem rural. Sendo assim, a CUT [Central Única dos Trabalhadores], a CPT [Comissão Pastoral da Terra], o MEB [Movimento Educacional de Base], a CONTAG [Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura] e o MST [Movimentos Sem Terra] resolveram pensar juntas as políticas para melhoria do Semiárido, fundando assim o FOCAMPO [Fórum do Campo Potiguar], no final da década de 90. Uma das primeiras batalhas travadas pelo FOCAMPO se deu em defesa da reforma agrária. Em seguida, vimos que as famílias mesmo começando a ter acesso à terra, precisavam de muitas outras condições para conviver com o Semiárido. Assim surgiu a lógica da convivência com região”.
De FOCAMPO a ASA Potiguar
“Nós continuamos articulados e buscando nos fortalecer na nossa luta em defesa do Semiárido. Nesse sentido, seguimos para Recife, em 1999, onde ac