Coordenadora da ASA no Ceará fala das conquistas e desafios do Semiárido cearense
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Em entrevista ao Programa A Voz do Semiárido, veiculado na Rádio Vida FM 107,9, dentro do projeto Memórias de Um Novo Semiárido – A história da ASA contada por quem a construiu, da Diaconia, a coordenadora da ASA Ceará, Cristina do Nascimento, relembrou lutas históricas, avaliou conquistas e falou dos sonhos para o futuro do Semiárido Cearense. Veja a entrevista transcrita:
Diaconia – O Ceará é palco de diversas histórias que identificam o Semiárido. Você poderia resgatar alguns desses fatos que ilustram a grandeza dessa região?
Cristina – Primeiro é interessante observar que a nossa história tem uma relação íntima com nossa cultura de resistência na qual a bravura do povo nordestino está sempre presente. Muitas pessoas conhecem a história do grande Antônio Conselheiro, que contribuiu com a nossa afirmação como povo nordestino, por meio do movimento de Canudos. Convêm aqui lembrar ainda, uma história recente, porém, de extrema importância que foi o Movimento do Caldeirão, relembrado durante o EnconASA realizado no Crato. Esse movimento nos ajudou a construir e apresentar à sociedade o modelo de comunidade que nós acreditamos e lutamos para construir, inclusive, ele foi o símbolo do VI EnconASA. O Movimento do Caldeirão consistiu em uma comunidade formada por várias lideranças, nativos e seguidores que objetivavam resistir ao militarismo vigente na época. Nesse local existe um imenso caldeirão, parecido com um tanque de pedra do P1+2 [Programa Uma Terra e Duas Águas]. Essa comunidade se organizou com o apoio de Pe. Cícero e nas lutas, muitos moradores morreram nos confrontos com a ditadura. Hoje o local é extremamente visitado. É destino de várias romarias e é um símbolo de luta e resistência do povo nordestino contra a opressão.
Diaconia – Como se iniciou a luta pela convivência com o Semiárido nesse estado?
Cristina – No Ceará a ASA é chamada de Fórum Cearense pela Vida no Semiárido. Esse Fórum tem uma relação muito próxima com a constituição da ASA como um todo e também está completando 10 anos. Tudo começa quando as organizações travam a discussão sobre como agir diante da seca. Em meados de 87 e 88, foi realizada a Campanha da Solidariedade pela Vida e Contra à Fome e à Exclusão, um momento de grande articulação das organizações da sociedade civil, da igreja especialmente e dos sindicatos. Essa ação foi um primeiro passo para congregar as organizações que atuavam pela vida no Semiárido, porém, cada uma em seu foco. Outro momento marcante foi à realização da campanha de nome Nenhuma Família sem Água de Qualidade, que deu corpo a esse clima de ação articulada. Após essas experiências, em 1999, se institui o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido, articulado a ASA Brasil.
Diaconia – Completamos 10 anos de uma articulação que revolucionou a vida na região Semiárida. O que o Ceará em particular, tem a comemorar nessa déc