Plenária reafirma papel dos agricultores e agricultoras na produção do conhecimento

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Na manhã de ontem (22), os participantes do 1° Encontro de Agricultoras e Agricultores Experimentadores do Semiárido   avaliaram a importância dos intercâmbios  entre camponeses e da sistematização das experiências  na produção e  socialização  do conhecimento  produzido pela agricultura familiar. 
 
“O intercâmbio é de grande importância porque fortalece nosso trabalho. Nos anima e eleva a nossa autoestima”, afirma a agricultora Maria José Dias, do município de Malhada Branca, em Buíque, Pernambuco. Ela também destaca a importância do boletim de sistematização.“ Ele é muito bom porque preserva a memória.  Eu vou ler os boletins de Dona Cícera e vou colocar em prática. Vou ler o boletim de Seu Dedé e também vou colocar em prática. Então,  o boletim é valorização e reconhecimento do trabalho que a gente está fazendo”, ressalta.

Já a agricultora Roselita Victor da Costa, do município de Remígio, na Paraíba,  destacou  o papel dos agricultores e das agricultoras na produção do conhecimento. Segundo ela, a contribuição das famílias agricultoras na construção de saberes é histórica, mas por muito tempo foi negada e desvalorizada. “Hoje, porém, há uma valorização e um reconhecimento desse papel”, comemora.  “Uma outra mudança importante tem sido a saída dos agricultores do isolamento. Antes,  a gente vivia isolado. A gente não conseguia trocar o que a gente estava construindo. E ai,  nós vivenciamos essa mudança dos agricultores e das agricultoras saindo do isolamento e trocando experiências. Colocando seu conhecimento a serviço de outros agricultores. É ensinar, mas também aprender”, complementa Roselita.

Para Paulo Petersen, representante da Articulação Nacional de Agroecologia (ANA), além de um momento de aprendizado, os intercâmbios se configuram um importante espaço de reflexão. “Com os intercâmbios, nós estamos vendo o mundo com outros olhos. Nós temos uma outra visão de nós mesmos, do nosso papel na sociedade. E ao ver com outro olho a gente olha para frente e vê um futuro. A agricultura familiar não é mais considerada, como foi por muito tempo, aquele setor que precisa desaparecer porque ele representa o atraso”, afirma o representante da ANA.
 
A construção de novas relações entre homens e mulheres no Semiárido  é outra conquista associada aos intercâmbios. De acordo com os  relatos,  a  partir das visitas,  as mulheres passaram a  ser valorizadas e reconhecidas como produtoras  de saberes, como conhecedoras das sementes, das plantas e dos animais, por exemplo, e também a ocupar  os  espaços públicos . “A gente sabe que ,  antigamente ,  para a mulher sair era um sacrifício muito grande. Mas, hoje, a mulher diz: eu vou sair porque eu vou buscar  [conhecimento]  para todos. Eu vou buscar para você, para meus filhos e para as comunidades. Então ,  a mulher está dando seu grito de independência”, di

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