'Hoje, no campo do controle social e da mobilização, a gente conseguiu avançar significativamente do que há nove anos', avalia coordenadora
Em 2009 a Articulação no Semi-Árido Mineiro (ASA Minas) comemora 10 anos de existência. Uma trajetória marcada por muitas conquistas e desafios no campo da convivência com o Semi-Árido. Nessa caminhada, uma das principais bandeiras de luta da rede foi e continua sendo o acesso à água de qualidade para as famílias da região. Mas, as organizações também avançaram em outras frentes, como a agroecologia e as relações de gênero. Essas e outras questões são temas da entrevista que a coordenadora executiva da ASA pelo estado de Minas Gerais, Valquíria Alves Smith Lima, concedeu a jornalista da Assessoria de Comunicação da ASA (ASACom), Gleiceani Nogueira.
Confira abaixo.
ASACom ¿ A ASA Minas realizou de 29 a 31 de outubro, na cidade de Turmalina, seu IX Encontro Estadual. São quase dez anos de caminhada na luta pela convivência com o Semi-Árido. Como você avalia essa trajetória?
Valquíria Lima ¿ Esses nove anos de caminhada da ASA Minas representam para o Semi-Árido mineiro uma junção de duas regiões que tinham pouca comunicação, que eram o Norte de Minas e o Vale do Jequitinhonha, que estão na área de Semi-Árido, e que trocavam poucas experiências. Então a ASA Minas possibilitou que essas regiões pudessem pensar o Semi-Árido mineiro de forma mais ampla, além de trocar experiências de convivência com o Semi-Árido mineiro, através das comunidades, dos agricultores e das agricultoras, e das organizações que já trabalham nessa região há bastante tempo. Além disso, não só a possibilidade de trocar experiência, mas também de pensar um projeto político de desenvolvimento para a região, que pensa tanto as questões ambientais, sociais e econômicas, e também reivindica direitos e processos políticos com o poder público e com as organizações.
ASACom – Quais as principais bandeiras de luta da ASA Minas nesses nove anos?
Valquíria Lima – Com certeza a principal bandeira de luta da ASA Minas e também da ASA Brasil é o acesso à água para as famílias. A água é um elemento central para o desenvolvimento da região. Não é diferente para Minas Gerais. Então o acesso à água, seja para beber ou para produção de alimentos, tem sido muito enraizada e muito defendida pelas organizações que fazem parte da ASA Minas. Mas, além disso, nesses nove anos, a gente conseguiu ampliar para além do acesso a água. É importante você ter crédito, pensar na produção apropriada para o Semi-Árido, pensar as relações de gênero. Outro tema muito forte este ano foi o da educação contextualizada. Fizemos dois encontros e um dos temas centrais foi educação contextualizada, que a gente percebe que numa perspectiva de mudança a médio e longo prazo, os processos de desenvolvimento vão passar pela questão da educação voltada para a realidade do Semi-Árido. E outros temas como economia solidária, agroeocologia, sementes. Acho que foram temas que fazem parte desse conjunto que a própria ASA Brasil vem discutindo no campo da convivência com o Semi-Árido.