Mulheres da Via Campesina ocupam ferrovia da Vale
Mais de 1000 mulheres da Via Campesina dos estados de Minas Gerais e Espírito Santo ocuparam, na madrugada de hoje, os trilhos de uma das principais ferrovias da Companhia Vale do Rio Doce, que corta o município de Resplendor, na região do Vale do Rio Doce, em Minas Gerais. A mobilização integra a jornada nacional de luta das mulheres em defesa da vida e contra o agronegócio.
A atividade tem como uma das principais pautas a denúncia da situação em que vive a cidade de Resplendor, com a construção pela Vale e CEMIG da Barragem de Aimorés, inviabilizando o sistema de esgoto, inundando 2 mil hectares de terra, o equivalente a 2 mil campos de futebol. A interrupção dos trilhos exige a indenização e o re-assentamento das 1.000 famílias atingidas, sendo que até o momento poucas famílias foram assentadas em péssimas condições. A população local tem denunciado sistematicamente em audiências realizadas pela FEAM, Copam, e pela Comissão de Direitos Humanos da Assembléia Legislativa.
A atividade integrada a jornada nacional da Via Campesina que denuncia o modelo que privilegia o agronegócio, em detrimento da agricultura familiar e impede a realização da reforma agrária. A Vale é uma das principais responsáveis pela destruição do meio ambiente em Minas e pela concentração de terras através do plantio de eucalipto em larga escala que alimenta as usina associadas.
Sua reestatização é exigida pela população brasileira desde sua privatização 1997 e reforçada pelo Plebiscito Popular realizado em 2007. Desde sua privatização a empresa vem recebendo subsídios do Estado para garantir suas ações enquanto a maior parte dos seus lucros é enviada para o exterior. Seu lucro no ano de 2007 atingiu a cifra recorde de R$ 20 bilhões, sendo que ela foi vendida por FHC apenas R$ 3,3 bilhões.
Denunciamos com esta ação a apropriação por grupos estrangeiros de nosso patrimônio nacional. Lutamos para que a Vale volte a ser do povo brasileiro, a fim de que impactos como esse de Resplendor não continuem ocorrendo e que haja controle popular sobre a extração e apropriação do nosso minério.