Pequenos produtores não têm água
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Açu, Ipanguaçu e Mossoró + Continuando sua caminhada pelo Nordeste, a Caravana em defesa do rio São Francisco e do Semi-Árido + Contra a transposição, visitou no último dia 25 de agosto a barragem Engenheiro Armando Ribeiro Gonçalves, ou Açude Açu, e o Sindicato de Trabalhadores Rurais localizados no município a jusante da barragem. O objetivo era conhecer de perto a realidade do açude e das comunidades que vivem no seu entorno.
A realidade encontrada pelos membros da Caravana já era esperada. Eles já sabiam que no Açude Açu tinha água, mas a visão dele cheio foi surpreendente. É água a perder de vista. Posicionando-se em cima do paredão de pedras e cimento que seguram as águas represadas, e olhando para o lago, não se consegue ver até onde ele vai.
Segundo o Departamento Nacional de Obras contra a Seca (Dnocs), a barragem Armando Ribeiro Gonçalves tem “capacidade de armazenamento de 2,4 milhões de metros cúbicos d'água e bacia hidráulica com área de 195 quilômetros quadrados”. Ela teve sua construção iniciada em 1979 e sua conclusão se deu no ano de 1983. Hoje, o reservatório está com mais de 90% de sua capacidade de armazenamento lotada.
“O objetivo do açude é o suprimento de água ao Projeto de Irrigação do Baixo Açu. São inúmeros os benefícios gerados pelo Projeto Baixo-Açu, destacando-se, sobretudo o aproveitamento hidroagrícola das terras aluviais do vale, assim como os chapadões dos tabuleiros das encostas, cuja irrigação promoverá o desenvolvimento agrícola em uma área com cerca de 25.000 hectares, com geração de quase 12.000 empregos diretos e indireto”, explica o Dnocs em sua página na internet.
Vizinho de baixo
Entretanto, não é essa a realidade vivida pelos produtores rurais. Em Ipanguaçu, município distante a 214 km de Natal, mais de 50 pessoas receberam a Caravana para discutir a transposição do São Francisco e relatar suas experiências com o açude. O encontro foi no Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Ipanguaçu. O presidente, Severino Cosme Xavier, deu as boas-vindas para a Caravana e afirmou: o “rio Assu está uma mácula. Você não consegue ver o reflexo do seu rosto nele”. Xavier continuou: “antes do açude era uma vida boa para o pequeno produtor. A barragem está servindo para os ricos, para os grandes produtores”. De acordo com ele, os projetos de irrigação prometidos não saíram do papel, e as culturas tradicionais que garantiam a sobrevivência dos trabalhadores, não estão sendo cultivadas. “Antes da barragem a gente era mais saudável, plantava. Hoje tem que comprar batata de fora”, conta Severino.
“Estamos no Baixo São Francisco, a jusante de barragens e temos o mesmo problema que vocês”, afirmou Luiz Carlos Fontes, professor da Universidade Federal de Sergipe e membro do Comitê de bacia do São Francisco. De acordo com Fontes, a construção de barragens no Velho Chico eliminou as lagoas<