Organizações sociais debatem a transposição em São Paulo
São Paulo – A chegada da Caravana em defesa do rio São Francisco e do Semi-Árido + Contra a transposição à capital paulista reflete o caráter nacional que os membros da Caravana querem dar ao debate do projeto de transposição do São Francisco. Ou seja, mesmo fora da bacia, São Paulo e Rio de Janeiro e Brasília são importantes, pois as incoerências do projeto de transposição vão trazer conseqüências nacionais. Por exemplo, se a transposição for realizada, os custos dela serão pagos por todos brasileiros e não só pelos nordestinos. Além disso, a produção de energia elétrica será reduzida, o que pode exigir mais energia elétrica de outras regiões brasileiras para o Nordeste.
Como forma de consolidar essa preocupação, a Caravana solicitou uma audiência com o governador paulista José Serra (PSDB). Infelizmente, durante toda a permanência da Caravana em São Paulo, ela não obteve resposta.
Sociedade civil
A Caravana realizou debate na Sala dos Estudantes da Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo, no Largo São Francisco, centro da cidade. Cerca de 40 pessoas estiveram presentes para ouvir e discutir com os membros da Caravana.
Na abertura do debate, Valdemar Rossi, da Cáritas, disse que estamos num “momento delicado da vida nacional. Vivemos uma crise profunda de falta de dignidade, de massacre dos direitos. A organização de uma Caravana como essa, que pretende mostrar o crime que é a transposição, mostra que a esperança num mundo melhor ainda é possível”.
Na primeira parte do evento, os membros da Caravana trouxeram suas experiências para o público presente. Thomaz da Mata Machado, presidente do Comitê de Bacia Hidrográfica do Rio São Francisco (CBHSF) falou das responsabilidades do CBHSF.
Apolo Heringer contou que na região do Semi-árido brasileiro, como o vale do Jequitinhonha e o vale do São Francisco, a simples presença da água não garante a melhoria da qualidade de vida. Ele lembrou ainda que a transposição pode ser a nova “transamazônica”. Em 1970, o general Emílio Garrastazu Médici, ditador do Brasil no período de 1969 a 1974, visitou o semi-árido nordestino. Perante a seca e o sofrimento do povo sertanejo, Médici decide construir a rodovia Transamazônica (BR-230), para levar “os homens sem terra do Brasil a ocuparem as terras sem homens da Amazônia”. A idéia era ligar a região oeste do país, abundante em água com a região leste, seca. Hoje, 36 anos após o início da construção da Transamazônica, que nunca foi acabada, a rodovia já consumiu cerca de US$ 1,5 bilhão.
Durante a realização do debate, Chico Canindé e João Ângelo pedem licença para apresentar uma rápida esquete da peça “Corre o risco São Francisco”. “O texto fala de nossa r