Crônica do Rio Jequitinhonha e o Progresso
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Aprendi e vou aprendendo na labuta com o mundo em que vivo; buscando sempre inspiração para compreender às nossas contradições. Contradições que podem nos ajudar a compreender melhor o sentido e as intencionalidades das palavras no seu presente e histórico. Aqui deixo um questionamento para todos/as, especialmente os filhos e filhas dessa terra do Vale, com uma crítica destrutiva, isso mesmo, destrutiva (critico sugerindo destruição de tal situação e no lugar propondo outra). Num texto encontrado na web sobre o Rio Jequitinhonha, onde se fala Barragem de Irapé, localizada no município de Leliveldia/MG, com 205 metros de altura, considerada a barragem mais alta do Brasil, e que vai alavancar o progresso do Vale, esse progresso está sendo vergonhoso! Sou da cidade de Jequitinhonha, durante a noite inúmeras ruas medianamente escuras. Mas a conta de luz – e do povo pobre em especial – é uma tragédia! No campo, inúmeras comunidades ainda sem energia, sob luz do século passado. O rio Jequitinhonha, coitado! As belas praias, patrimônio do povo e que vinha embelezando e dando sentido ao turismo e inspiração humana, se foram e se vão nas imediações “beira rio” da cidade. O Porto da Balsa, que liga a cidade às comunidades/fazendas/Pedra Azul, só vendo para crê! A balsa a todo momento, encalhando nas ribanceiras de areia provocadas pelo esvaziamento da barragem Irapé, basicamente entre as quintas e sextas- feiras das semanas. E agora, como será daqui pra diante, não há ponte, atravessar aonde? Os peixes, ôôô meu santíssimo subjetivo Deus!
O nosso saboroso camarão, lembra? Não encontram mais locas nas pedras nos sequeiros para se reproduzirem, elas estão soterradas pela areia, do desce e desce de todos os dias. Bem que eu gostaria de comer pelo menos um camarão, será que encontro facilmente? Encontrei com uma amiga, pescadora, lá de cima, do Poção, que disse: “o pêxe tá ficano dificil, o vai e vem da água da barragem, suja a água, desentoca os pêxe e a gente vai ficano sem nada”! Ontem mesmo, um jovem camponês, Emílio, do Assentamento Campo Novo, que fica junto ao rio, admirado falou: “Eu sempre desci na beira do rio pra curtir as belezas das praias aqui, eram lindas! A água do rio branquinha! Agora, depois da barragem de Irapé, é só lama e mato”.
Caro companheiro e companheira, povo brasileiro, cidadão ou camponês, eu não queria continuar falando desse “progresso”, dessas contradições que navegam há séculos nessa região do Vale, por modelos de desenvolvimento americanizado/ocidental/europeu. Infelizmente, sinto na condição de externar meu sentimento como filho da Terra. Mas finalizando: “prá não dizer que não falei das flores…”, pelo menos, dona CEMIG (Companhia Energética de Minas Gerais) e seus amigos/as internacionais, governador do nosso Estado, etc, que falam de “progresso” para o povo do Vale, examinem os milhões de caramujos que estão no percurso da bacia do rio Jequitinhonha, apavorando milhares de pessoas que ainda frequentam nosso rio. Antes da barragem, caríssimo, “progresso” pouco ou nada se via desses caramujos nojentos, que poderão trazer mais “progresso” cistomosiados para o nosso povo do Vale! Plantem flores, no lugar dos caramujos e retrocessos ambientais e humanos que essa ba