Aprendendo a conviver com o Semi-árido
Recife – O Semi-árido brasileiro, também chamado de Sertão – cenário geográfico onde ocorrem as secas – abrange os seguintes estados: Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Alagoas, Sergipe, Bahia e o Vale do Jequitinhonha, no Norte de Minas Gerais. Estima-se nele uma população de cerca de 20 milhões de pessoas das quais, no exacerbar de uma seca, 10 milhões passam sede e fome. É uma região de elevadas temperaturas (média de 26º C), onde o regime pluvial é bastante irregular. A média pluviométrica anual oscila entre 400 e 800 mm, com volume anual precipitado estimado em cerca de 700 bilhões de m³. Os solos são geralmente rasos, pedregosos (escudo cristalino), com ocorrência de vegetação do tipo xerófila.
Essas condições ambientais intrínsecas ao solo e ao clima servem de base para a sua classificação em zonas: caatingas, seridó, carrasco e agreste. As estiagens prolongadas ocorrem ciclicamente, trazendo efeitos nocivos para a economia da região e acarretando custos sociais elevadíssimos.
A economia da região – ainda que mais industrializada hoje do que há anos atrás – está baseada no setor primário, um complexo de pecuária extensiva e agricultura de baixo rendimento.
Uma reflexão apropriada sobre essas questões precisa ser feita por quem queira compreender o potencial dos recursos naturais do Semi-árido e, principalmente, os elementos biológicos que nele vivem. O enfoque principal desses assuntos constitui fundamentalmente o programa de trabalho do Instituto Nacional do Semi-árido (INSA), em Campina Grande (PB)
Pouco se teria a inventar mas muito a aprender com a diversidade da sua natureza, pensando conceitualmente na semi-aridez como vantagem.
Plantas e animais adaptados
Atualmente, é indispensável no Semi-árido a ampliação de trabalhos que visem ao tratamento adequado dos elementos biológicos – plantas e animais – afinados com a natureza peculiar do clima e com a circunstância sócio-cultural da região.
A identificação de forrageiras adequadas e a produção básica de suas sementes é um processo paralelo peculiar. Para a revogação da pobreza no meio rural nordestino há de se começar levando em conta essas peculiaridades. A prioridade natural do uso da terra e a harmonia necessária entre os animais e o ambiente apontam para a concepção de sistemas de produção específicos, permanentes, que devem começar pela escolha das espécies apropriadas, sejam de animais, sejam de vegetais. A vegetação natural – a caatinga – é rica, mas carece de maiores estudos, visando à perenização do seu extrato herbáceo e à racionalização do seu uso.
É de fundamental importância o desenvolvimento de trabalhos visando à preservação de ruminantes de pequeno porte, através da multiplicação das diferentes raças de cabras e ovelhas nativas do Nordeste seco, portadores de funções produtivas múltiplas: para leite, pele e carnes. São as cabras vivazes, de pêlos curtos, e as prol&iac