Irrigação terá R$ 5 bilhões
O governo federal vai lançar um programa de irrigação para o Nordeste com um investimento de R$ 5 bilhões em infraestrutura para irrigar cerca de 200 mil hectares. “Será uma Parceria Pública Privada (PPP)”, afirmou ontem o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra Coelho. A iniciativa vai contemplar a conclusão de projetos irrigados nos quais o governo federal já investiu quase R$ 2 bilhões nos últimos oito anos, como os de Salitre (em Juazeiro), Pontal (em Petrolina e Juazeiro) e perímetros irrigados do Ceará e do Piauí, entre outros. Isso significa que todo o investimento em infraestrutura ficaria em cerca de R$ 7 bilhões. A presidente Dilma Rousseff (PT) deve anunciar o projeto em Petrolina até o dia 15 de setembro.
Dos R$ 5 bilhões a serem investidos, R$ 1,3 bilhão sairá do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC II). Segundo o ministro, os R$ 4 bilhões restantes seriam financiados à iniciativa privada, usando recursos do Fundo de Desenvolvimento do Nordeste (FDNE) e Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). “Haverá um programa de estímulos para que empreendedores privados abracem esses desafios”, comentou.
Na PPP, uma das futuras investidoras que já estão conversando com o governo federal seria a Petrobras, de acordo com o ministro. “Estamos contactando a Petrobras, que poderia ser nossa parceira no Canal do Sertão”, afirmou. O Canal do Sertão é um sistema adutor que vai captar a água do São Francisco nas imediações do município de Casa Nova (na Bahia) e segue até Ouricuri, passando por algumas das terras mais férteis de Pernambuco, podendo irrigar cerca de 80,6 mil hectares no Estado.
O ministro defendeu que essa área por onde vão passar os projetos de irrigação “é a nova fronteira da cana-de-açúcar e o Semi-árido do Nordeste atende a lógica da geração do etanol”. Pelos cálculos do ministério, dos 200 mil hectares a serem irrigados, 100 mil deles poderão ser ocupados com a cana-de-açúcar. Ainda de acordo com o ministério, a irrigação dos 200 mil hectares demandaria investimentos adicionais estimados em R$ 10 bilhões na produção, incluindo aquisição de equipamentos, plantio etc.
Bezerra Coelho citou alguns números que mostram a viabilidade da cana-de-açúcar na região. A produtividade da planta irrigada é de 127 toneladas por hectare na área do Canal do Sertão, enquanto no Centro-Oeste este número fica em 90, a longevidade da planta é de 12 anos na região do canal e de seis anos no Centro-Oeste.
O ministro argumentou que a empresa Agrovale – implantada na área rural de Juazeiro (na Bahia) – pode servir de símbolo na implantação desse projeto. “Entre 215 usinas pesquisadas, ela foi a que apresentou maior produtividade”, argumentou. O ministro veio ao Recife participar do Fórum Nordeste 2011, que ocorreu ontem no Paço Alfândega e foi realizado pelo Grupo Eduardo Queiroz Monteiro.