Trilhos da Transnordestina

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Obra importantíssima que promete trazer alterações na estrutura econômica do Nordeste, a Ferrovia Transnordestina vem sofrendo atrasos em sua execução que afetam diretamente o planejamento para o melhor aproveitamento de seus mais de 1,7 mil quilômetros de extensão. Era para estar pronta no ano passado, depois foi adiada para este ano. E agora a previsão é de que a conclusão se dê em 2013. O problema é que há uma grande diferença nos prazos estipulados pela concessionária da obra e pelo governo federal. A primeira informa que o ramal até Suape será entregue em janeiro de 2013, silenciando a respeito da ligação com o Porto de Pecém, no Ceará, devido à demora no processo de desapropriações por lá. Porém o último balanço do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC 2), garante que todo o conjunto será finalizado até 30 de novembro de 2013. Pelos constantes adiamentos e pela falta de sintonia na divulgação dos prazos, o provável é que nenhuma das duas metas seja alcançada.

O trecho mais adiantado é o que une Missão Velha, no Ceará, a Salgueiro, com 96 quilômetros de extensão. Mas o PAC 2 informa que serão vistos avanços ainda este ano nos trechos entre Salgueiro e Trindade, entre Trindade e Eliseu Martins, no Piauí, entre Salgueiro e Suape e entre Missão Velha e Pecém. A questão é saber se de fato ocorrerão, diante de problemas como as recentes paralisações dos trabalhadores, e do vácuo gerencial que parece ter surgido na transmissão da responsabilidade de prestar informações sobre a Transnordestina – tarefa que cabia ao Ministério da Integração Nacional, e foi deslocada para o Ministério dos Transportes, envolvido em escândalos de corrupção e foco de crise política nos últimos meses.

O lamentável é quando a população, ansiosa, tem a impressão de que a Transnordestina, além do custo de R$ 5,4 bilhões, se arrasta muito além do que deveria, tomando os ares de construção faraônica devido ao tempo despendido. Além disto, deve-se ter cuidado até com aquilo que nos relatórios do PAC consta como concluído. O repórter Giovanni Sandes recordou, em matéria do JC na última quinta-feira, que a linha tronco-sul, entre Suape e Porto Real do Colégio, em Alagoas, continua abandonada e sem prazo de recuperação, embora nos relatórios do PAC se leia que 90% do trecho ficou pronto em 2009, após investimentos acima de R$ 100 milhões. Tudo indica que foram recursos mal gastos, para dizer o mínimo.

O carregamento de grãos, gesso e principalmente minério de ferro ainda pode demorar para ser a atividade redentora, como se espera, para o interior de Pernambuco e de outros estados. Semana passada, três mil trabalhadores da Transnordestina cruzaram os braços, seguindo o movimento iniciado pela construção pesada de Suape. O canteiro administrativo, a fábrica de dormentes em Salgueiro e alguns trechos foram paralisados. A previsão oficial de que serão transportadas 22 milhões de toneladas pela ferrovia em 2016 soa um tanto quanto otimista, se o cronograma de obras não for definitivamente posto nos trilhos.

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