Convivência necessária
Em “Os Sertões”, Euclides da Cunha escreve que “o sertanejo é, antes de tudo, um forte”. Essa fortaleza é descrita por ele como algo oculto, que aparece em face da necessidade de reação. Ao estabelecer uma relação de convivência com as adversidades e tornar a terra produtiva, o sertanejo expressa essa reação.
O vaqueiro ainda é figura corriqueira nos rincões do semiárido, mas há muito o ciclo do gado foi superado na região. A caprinocultura mostra-se generosa para quem investe com convicção e os cuidados necessários à manutenção do equilíbrio do entorno. Esses cuidados aparecem principalmente na lida com a terra, que significa preservar a vegetação nativa sob a pena de não ver mais nada brotar daquele solo que só precisa ver a água do próximo inverno para prover a mesa do sertanejo das iguarias que ele tanto aprecia.
A habilidade para buscar soluções faz parte do dia a dia de quem vive no campo. Há sempre a necessidade de inovar a partir de ideias simples e adaptadas às características ambientais e culturais da região. A difusão do conhecimento tem se mostrado investimento mais que necessário para a garantia de uma convivência sadia. Jovens que aprendem a lidar com a terra ou que pesquisam oportunidades de investimento para a região dão o exemplo de que é possível permanecer, produzir e viver bem.
A série O Retrato Sertanejo é uma prova de que as coisas estão diferentes. Percorremos do Piauí ao Norte de Minas Gerais para mostrar que o sertão não é único, assim como seus habitantes e essa diversidade se expressa também na relação com a terra.
Leia as matérias da série:
Agroecologia traz qualidade de vida
Aprendizado para viver no campo
O redescobrir da terra desprezada
Maior parque de caatinga do Brasil
Para além das terras do litoral