Governo propõe criar fundo

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O Governo do Estado do Ceará apresentou ontem, na Icid +18, a proposta de formulação do Fundo Estadual de Combate à Desertificação no Estado do Ceará, para congregar recursos de diversas fontes em prol das ações no Semiárido Cearense. Como esse fundo, outros, como o Fundo Caatinga, para Liduína Carvalho, da Secretaria de Recursos Hídricos do Ceará (SRH), têm a intenção de combater as dificuldades na região.

Parafazer com que o Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca (PAE-CE) possa congregar ações que já trabalham para amenizar as dificuldades dos habitantes do Semiárido Cearense, foi lançado o livro e o DVD do programa, contendo o estudo e as ações previstas até 2013. Quem regeu a cerimônia foi o vice-governador do Ceará, Francisco Pinheiro, na presença do governador argentino, Celso Jaque.

“Esse programa é algo muito importante porque hoje nós temos um diagnóstico do processo de desertificação do Estado: delimitamos as áreas, sabemos quais delas têm problemas e, agora, é o momento de corrermos atrás de recursos para recuperarmos as áreas degradadas, que hoje representam quase 23% do Estado do Ceará”, argumentou Pinheiro.

Para Liduína Carvalho, que é representante do governo no Ponto Focal estadual que regerá as ações do PAE-CE, “na presença do vice-governador do Estado, a expectativa é que ele se torne um programa do governo estadual”.

Os pontos focais cearenses, com representantes do governo do Estado, da sociedade civil organizada e do parlamento, irão atuar na linha de frente do PAE, segundo o vice-governador. Ele ressalta, no entanto, a transversalidade do PAE-CE, com mais de uma instância estadual responsável pelas ações.

De acordo com o estudo que resultou no PAE-CE, um dos principais aspectos observados foi a necessidade de criação de fontes de recursos que possam financiar os projetos direcionados ao Semiárido Cearense.

“Nós identificamos programas de governo que podem ser direcionados para essas áreas”, garantiu o vice-governador. Buscando atender essa carência, foi formulada a proposta de criação do Fundo.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

Permanência do homem garante vida no Semiárido

O Semiárido concentra apenas 5% das reservas hídricas do País. Para sua conservação é necessário o respeito às tradições

A identificação das potencialidades locais, tanto territoriais quanto suas manifestações culturais, respeitando as habilidades e o conhecimento de cada grupo, constitui o primeiro passo para fechar a equação: desenvolvimento sustentável e conservação ambiental no Semiárido.

Neste início de século, a conta ganhou mais uma parcela com a entrada em cena das mudanças climáticas, tornando ainda mais difícil a vida das populações pobres desta região, que concentra apenas 5% das reservas hídricas do País. “As populações mais pobres são as que mais sofrem”, admitiu Mônica Amorim, professora de Economia da Universidade Federal do Ceará (UFC) e consultora do Banco Mundial (Bird), defendendo a organização dessas pessoas em conjuntos para que possam ter acesso às instituições.

Destacou o acesso a uma boa educação, ressalvado que “não seja apenas transmissão de informações”, com a necessária inclusão digital dessas comunidades. Para a pesquisadora, que coordenou a mesa “Alívio da Pobreza e Conservação Ambiental”, no penúltimo dia da Icid + 18, “é preciso buscar apoio e articular conhecimentos.

Na mesa foram apresentadas experiências produtivas em regiões do Semiárido nordestino, cada uma explorando o potencial local. Todas levavam em conta a organização das populações e o respeito à cultura.

A professora de Administração da UFC, Vilma Maria Coelho Faria, destacou o cultivo do algodão, em Tauá, que perdeu o seu apogeu nos 1980, devido à praga do bicudo, e foi retomado, a partir de 1986, com a Associação de Desenvolvimento Educacional e Cultural de Tauá (Adec). Francisco Oliveira, professor de Economia da Universidade de Fortaleza (Unifor), destacou a importância da retomada da mamona na recuperação do Semiárido.

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

MCT investe na inserção digital do Semiárido

A compreensão de que o desenvolvimento do Semiárido requer a presença do ser humano faz com que o Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT) lance mão a uma série de projetos que levam em consideração a inclusão social.

Conforme José Mesquita, assistente de Tecnologia do MCT, a Secretaria de Ciência e Tecnologia lançou um “pacote” com vários projetos, destacando dentre outros, os arranjos produtivos, os Centros de Vocação Tecnológica (CVT) e de inclusão digital: “Nosso objetivo é proporcionar a inclusão social dessas populações”.

Antes, nos períodos de secas, tanto as pessoas quanto os animais “comiam palma”, lembrou José Mesquita. Hoje, a situação mudou, citando como um dos mais importantes programas do MCT, o de inclusão digital. Sem saber precisar o número de pessoas beneficiadas, afirmou: “Os computadores estão chegando às regiões mais distantes do País”.

Como resposta, populações estão retomando atividades e culturas a partir da compreensão de que é necessário investir em tecnologia. “É preciso não esquecer da organização desses processos”, afirmou o professor Francisco Oliveira da Universidade de Fortaleza (Unifor), que lamentou a Cop-15 não ter falando nada sobre o Semiárido. O professor vê na mamona uma forma de geração de renda para a região do Semiárido.

CONSERVAÇÃO AMBIENTAL

Pesquisador defende “cidades polos”

“A conservação ambiental não é feita retirando as pessoas dos seus territórios”, reforçou José Antonio Puppim de Oliveira, diretor assistente e pesquisador da Universidade das Nações Unidas do Instituto de Estudos Avançados (UNU-IAS), justificando que a Amazônia tentou essa experiência. “Não resolveu e a destruição continuou”, disse, defendendo a formação de “cidades polos”. A urbanização, afirmou, é um fenômeno, é um processo irreversível. “Hoje, mais de 50% da população mundial está nos centros urbanos. Precisamos nos acostumar a essa transformação”, justificou. Por isso, concorda com a criação de “cidades polos” como forma de evitar a migração para as grandes cidades. “Estive em Quixadá ontem e vi uma classe média”, disse.

Realidade oposta constatou na região da Ibiapaba, destacando Ubajara, que necessita de uma universidade. “Cabe ao Estado criar esses polos para receber as populações, principalmente aquelas que melhoram a renda. “Elas começam a criar novas necessidades que vão além da subsistência”.

Na realidade, o pesquisador defende a permanência do homem nas regiões semiáridas. No entanto, um ponto é fundamental: o acesso às tecnologias. “Não se trata de querer criar qualquer uma, é preciso ter acesso a uma boa tecnologia”. No primeiro momento, pode ser de terceiros. Depois, a tecnologia pode ser adaptada e se tornar pública. O caminho é uma base educacional, sugeriu.

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