Educação deve ser repensada
MUDANÇA DE PARADIGMA
Educação deve ser repensada
Num País em que 42% das pessoas ocupadas estão no setor informal e pelo menos 4 bilhões estão fora do mercado de consumo, as agendas social, econômica e de sustentabilidade ambiental têm de repensar a questão da educação das populações. Pelo menos essa é a avaliação do economista Ladislau Dowbor, um dos debatedores da Segunda Conferência Internacional : Clima, Sustentabilidade e Desenvolvimento para Regiões Semi-Áridas (Icid+18).
Para ele, reverter as questões da degradação ambiental e da desertificação no Semiárido depende, em boa medida, da mudança de paradigma da sociedade civil e dos governos em relação ao acesso à informação e à educação, transforma-os em conhecimento e prática.
De acordo com o economista, a escola é agente de transformação na medida em que o seu conteúdo dialoga com a realidade local do município, do Estado e da região, contribuindo para a redução das desigualdades sociais.
“Há um alto índice de evasão escolar porque os alunos estão de saco cheio de estudar a história de Carlota Joaquina”, brincou. Para ele, a educação tem de trabalhar numa visão articuladora dos conhecimentos necessários e não lecionadora de conteúdos. “Não dá para reduzir a educação à lousa e giz, conteúdo escolar e o que está na cabeça da professora”, ironizou.
O economista citou o exemplo do município de Pintadas (BA), com 12 mil habitantes e que passou a incluir o Semiárido como disciplina na rede pública de ensino.
“A prefeita eleita não agradava ao poder estadual. Fecharam a agência do banco local, que só servia para passar aspirador de pó, e criaram uma cooperativa de crédito, que financiou a recuperação de solos nas pequenas propriedades”. Com as medidas adotadas, cerca de três mil trabalhadores deixaram de migrar de Pintadas para São Paulo, onde iam trabalhar no cote da cana-de-açúcar.
Internet sem pedágio – Na era pós-Revolução Industrial, o conhecimento é que conta, ¬ diz Dowbor. Hoje, quando você pega qualquer produto, como uma caneta, 95% do valor dela é conhecimento incorporado – pesquisa tecnológica, design, comunicação etc. E, apenas 5%, trabalho físico e matéria prima. “Estamos na era da economia do conhecimento. Todas as nossas atividades estão se tornando muito mais densas em conhecimento e democratizá-lo é vital. A educação tem um papel chave nisso porque as empresas querem colocar pedágio para impedir o acesso a esse conhecimento”, destacou.
Para o economista, “a comunicação do conhecimento deve ser leve, gratuita e aberta”. Por isso, defende que além de uma agenda de redistribuição de renda e inclusão produtiva, sempre em sintonia com a sustentabilidade ambiental, é preciso defender o acesso ao conhecimento. “O acesso à banda larga para Internet é uma batalha mundial”, disse.
Dowbor enfatizou que, sob a justificativa de combater a pirataria, não é legítimo que as empresas queiram “cobrar pedágio” pelo uso da rede mundial. “O que estamos fazendo hoje no Brasil ainda está na pré-história”, resumiu.
Investir em pesquisas – O diretor do Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (CGEE), Antônio Galvão, destacou a necessidade de investimento em pesquisas para o desenvolvimento do social do Semiárido.
Ele destacou que a região possui uma história de cem anos na luta contra a escassez de água. “Era preciso construir açudes e barragens naquele momento”, disse. Hoje, afirma que o Semiárido vive um novo capítulo nessa história: o olhar para o social que constitui o instante presente, mas que o passado não pode ser esquecido.
Antônio Galvão destacou, ainda, os programas sociais de distribuição de renda e de crédito aos pequenos produtores, mas sem perder de vista os grandes empreendimentos, como a transposição de água, a Transnordestina e outras iniciativas para mudar a logística e a produção na região semiárido. “É preciso desenvolver a pesquisa científica e dinamizar a economia”, propôs.
CAATINGA
Ceará com mais três áreas de proteção ambiental
Previsão é de aproximadamente dois anos para que sejam realizados os estudos e reservadas as terras
O protocolo de intenções para a criação de três novas áreas de proteção ambiental, dentro do bioma Caatinga, no Estado do Ceará, foi assinado na tarde de ontem, entre representantes do Conselho de Políticas Públicas e Gestão do Meio Ambiente do Ceará (Conpam), Superintendência Estadual do Meio Ambiente do Ceará (Semace), Secretaria da Biodiversidade e Florestas do Ministério do Meio Ambiente (MMA) e a ONG Associação Caatinga.
“Dessas três áreas, uma vai ficar com o governo do Estado, que já está trabalhando, e as outras duas vão ficar com o Ministério do Meio Ambiente e a Associação Caatinga”, declarou a secretária executiva do Conpam, Tereza Farias.
De acordo com ela, a área próxima à nascente do Rio Jaguaribe, nos Inhamuns, é uma das três estudadas no protocolo e já está sob coordenação do Conpam. Lá, segundo Tereza, com recursos do GEF (Fundo Global para o Meio Ambiente, da sigla em inglês) e do Banco Mundial, o trabalho do conselho se dá para formar um corredor ecológico próximo à nascente do Rio Jaguaribe. A segunda região incluída no protocolo é próxima à Bacia do Banabuiú e terceira é nos arredores do município de Monsenhor Tabosa.
A expectativa é de que essas regiões do Ceará se tornem áreas de proteção ambiental em cerca de dois anos (seis meses de estudo e um ano para criação dos parques). “Parece muito tempo, mas não é, considerando que o estudo não é só sobre fauna e flora. Há um estudo socioeconômico para ver que tipo de unidade é mais viável e qual o custo”, garante.
O representante da Associação Caatinga, Rodrigo Castro, se entusiasma: “Pode ser um parque nacional ou estadual, será uma nova unidade para garantir a preservação da reservas hídricas na Caatinga”.
ECONEGÓCIOS 2010
Feira mostra casa de plástico reciclado
Já imaginou uma casa feita de plástico reciclado que pode ser montada e desmontada como um brinquedo de encaixar gigante? Pois ela existe, ou pelo menos um protótipo dela, e está em exposição na EcoNegócios 2010, que reúne 80 expositores, paralela à Icid+18, no Centro de Convenções Edson Queiroz.
Resultando da joint venture entre a Impacto Protensão e a Ceplal, a empresa Tecplast desenvolveu um sistema de reutilização de plásticos recicláveis de altíssima resistência. A aplicabilidade dos produtos atende a diversas áreas. E assim surgiu a casa 100% ecológica, que está passando por ensaios de estanqueidade, resistência ao calor e acústica, na Universidade Federal do Ceará (UFC).
Segundo George Cabral, técnico da Impacto Protensão, por enquanto, a casa de plástico vem sendo utilizada em canteiros de obras. “Ela está, por exemplo, na obra do Centro de Eventos do Ceará. A vantagem é que, após concluído o empreendimento, a casa pode ser desmontada e levada a outro local”, disse o expositor.
Também na EcoNegócios o visitante pode conferir a produção dos principais perímetros irrigados do Estado. Além de frutas, a feira reúne, produtores de artesanato, órgão de pesquisa e desenvolvimento tecnológico, como o Padetec, estandes das Universidades de Fortaleza (Unifor) e UFC, e de empresas privadas, como a Coelce e a Moscamed Brasil.
Programação de hoje
A1- 8h30: Estratégias de financiamento para o desenvolvimento sustentável em regiões semiáridas / 10h30: Segurança alimentar, alterações climáticas e desenvolvimento / 13h30: Cenários de mudanças climáticas para as regiões semiáridas / 15h30: Alterações climáticas e de adaptação em terras áridas
A2 – 8h30: Lições de políticas públicas para regiões secas do México e da Bacia do Nilo / 10h30: Atribuição de informação sobre água: lições do Ceará, BRA / 13h30: Retiradas de carbono em regiões semiáridas / 15h30: Evolução do clima na África Ocidental
A3 – 8h30: Transposição de águas nas regiões Semiáridas / 10h30: Vulnerabilidade, adaptação e desenvolvimento da A. Latina / 13h30: Adaptação estratégica no oeste da China / 15h30: Impacto das alterações globais sobre a hidrologia do semiárido
A4 – 8h30: Mesa Redonda: Direitos, representação e governança / 10h30: Biodiversidade, mudanças climáticas e desenvolvimento em terras áridas /13h30: Formas de gestão adaptada no âmbito das alterações climáticas / 15h30: Aprendizagem social e: o desenvolvimento de processos educativos para a mudança climática na África
A5 – 8h30: Conservação e uso sustentável de espécies nativas / 10h30: Vulnerabilidade e adaptação: implicações das alterações climáticas na China / 13h30: Vulnerabilidade e enfrentamento em áreas rurais / 15h30: Combate à seca para enfrentar a desertificação no Nordeste
A6 – 8h30: Clima e sociedade: ciência e aplicação 2 / 10h30: Clima e sociedade: ciência e aplicação / 13h30: Uso sustentável dos recursos florestais da caatinga / 15h30: Rede global de institutos de pesquisa de terras áridas