Reunião discute contaminação
Limoeiro do Norte. “O pessoal fala faz é tempo dizendo que a comunidade tá contaminada, mas não sei, o mais que tem é beber, é o que a gente tem, né?”, indaga “Maria”, sem dizer o sobrenome “pra não ter problema” com essa “polêmica” dos agrotóxicos. Uma resposta para a indagação da moradora da comunidade do Cabeça Preta, na Chapada do Apodi, em Limoeiro, é o motivo das reuniões que se intensificaram ontem nas salas de vários órgãos estaduais e que refletem a divulgação de relatório, na edição de ontem, comprovando princípios ativos de veneno em todas as 46 amostras de água para consumo pelas comunidades da Chapada. Hoje pela manhã, em Fortaleza, vários órgãos estatais estão reunidos para discutir o tema, enquanto em Limoeiro, os movimentos sociais convocam a comunidade para pedir a manutenção de medida legislativa que já ganhou o nome de “Lei Zé Maria do Tomé”.
A informação de que foi encontrado veneno na torneira, no poço e nos canais que levam água para famílias da Chapada do Apodi pelo Núcleo Trabalho, Saúde e Meio Ambiente para a Sustentabilidade (Tramas) provocou a discussão nas salas de órgãos estaduais para discutir o assunto. Conforme o Diário do Nordeste publicou ontem, a equipe liderada pela professora Raquel Rigotto diagnosticou, após análise laboratorial, a presença de vários tipos de fungicidas, herbicidas, acaricidas e inseticidas em 46 amostras de água para abastecimento humano. O dado serviu de argumento contra a possibilidade de revogar a lei municipal que proíbe a pulverização aérea – a votação pode ocorrer na próxima semana. Identificada agora como “Lei Zé Maria do Tomé”, esse dispositivo jurídico está em vigor há um ano no Município e não é completamente obedecido.
Só na localidade do Cabeça Preta a análise laboratorial encontrou os inseticidas carbofuran, carbaril, endossulfan, o fungicida procimidon, que são utilizados na aplicação de banana, melão e abacaxi. O carbofurano, por exemplo, está em reavaliação pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que discute a possibilidade de proibir a utilização nas lavouras brasileiras – muitos produtos que não são permitidos no resto do mundo encontram brecha aqui.
Pesquisa própria
Segundo Mauro Costa, superintendente do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) de Limoeiro, a própria autarquia realiza exames para verificar a qualidade da água que fornece. “Temos nossas próprias pesquisas, e não é do jeito que estão querendo fazer acreditar”, afirmou, completando que está sendo elaborado um projeto para a captação e distribuição de água em toda a Chapada do Apodi.
“Uma única empresa aplicou em 2009 o equivalente a seis mil litros de fungicida. Fazendo uma relação, a empresa usou em um ano o equivalente a 13 mil hectares, que corresponde a 4% do território de Limoeiro. Os agrotóxicos não combatem totalmente as pragas. O desequilíbrio, o uso contínuo, vai causando a resistência, e a produção de alimento é perdida em