Proposta dos EUA é avaliada com cautela

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COPENHAGUE – Estados Unidos e China deram passos ontem em direção a um amplo acordo para o clima que poderá ser assinado pelo presidente dos EUA, Barack Obama, e o premiê chinês Wen Jiabao quando eles chegarem à Copenhague, para a 15ª Conferência do Clima das Nações Unidas. Mais cedo, a secretária de Estado americana Hillary Rodham Clinton anunciou que os EUA se juntarão a outros países para levantar US$ 100 bilhões por ano, até 2020, para ajudar países pobres a enfrentar o aquecimento global.

Os outros países reagiram com cautela à proposta. “É um sinal bem-vindo dos EUA, mas temos que estudar com cuidado o que os EUA estão oferecendo”, disse Lumumba Stanislaus Di-Aping, embaixador do Sudão nas Nações Unidas e dirigente do Grupo dos 77 (G-77), que inclui os países pobres e emergentes como Brasil, China e Índia.

A proposta anunciada por Hillary sofreu críticas até mesmo nos EUA. O representante Joe Barton (Republicano pelo Texas), chefe do Comitê de Energia e Comércio do Congresso, descreveu a oferta americana como um “presente de Natal” que virá a expensas dos contribuintes dos EUA. “Acho que quando você está próximo assim do Polo Norte (em Copenhague), nesta época do ano, o espírito do Natal toma conta de tudo”, disse Barton, ironizando o anúncio.

“Trata-se de um acontecimento importante e muito satisfatório ter os Estados Unidos do mesmo lado do Reino Unido e da União Europeia (UE) em termos de um compromisso de longo prazo”, declarou um porta-voz do governo britânico.

A China foi mais cautelosa. “Temos uma postura conservadora quanto à proposta de um fundo climático feita por Hillary Clinton devido à falta de clareza com relação a uma série de assuntos”, disse um representante da delegação chinesa que não quis ser identificado. As dúvidas pairam em torno do montante com o qual os EUA contribuiriam para o fundo e quanto desse dinheiro seria público e privado.

CATÁSTROFE

Vários chefes de Estado e presidentes chegaram ontem a Copenhague. O presidente da França, Nicolas Sarkozy, alertou que a conferência corre o risco de “caminhar para a catástrofe” se as negociações para um acordo não engrenarem. “Vamos ter que enfrentar a opinião pública mundial”, alertou. Segundo ele, fracassar em Copenhague é “proibido”. Ontem, Sarkozy pediu uma reunião urgente de chefes de Estado e de governo para que se tente avançar nas negociações.

Durante seu discurso, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse que o Brasil está determinado a obter resultados ambiciosos em Copenhague. “O Brasil participa desta conferência com a determinação de obter resultados ambiciosos, mas essa ambição tem que ser compartilhada com todos”, afirmou.

Lula citou dados do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) segundo os quais a diminuição das emissões deveria ficar entre 25% a 40% até 2020 na comparação com o volume emitido em 1990 para evitar o aquecimento global. “Se quisermos ser realmente ambiciosos, devemos almejar o patamar de 40%.”

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