Ações precisam ser eficazes
Aumento em 24% da atividade migratória das áreas carentes do nordeste para os grandes centros urbanos, de 2030 a 2050. Queda no Produto Interno Bruto (PIB), aumento de endemias como dengue e malária e desnutrição infantil. Esses e outros problemas atuais poderão ser intensificados nas próximas décadas com o agravamento da desertificação no Nordeste.
Para encontrar saídas que minimizem os impactos do aquecimento global, ocorreu ontem a segunda reunião do “Programa de Ação Estadual de Combate à Desertificação e Mitigação dos Efeitos da Seca do RN”. As reuniões ocorrem nos estados do Nordeste, Norte de Minas Gerais e no Noroeste do Espírito Santo, envolvendo o poder público e a sociedade civil organizada, e se baseiam no estudo “Mudanças Climáticas, Migrações e Saúde: cenários para o Nordeste Brasileiro (2000-2050)”.
O estudo da Fundação Oswaldo Cruz com a Universidade Federal de Minas Gerais traz preocupações em relação ao futuro do semiárido. “Vemos os reflexos do aquecimento global na saúde e na economia, sobretudo na agricultura no Nordeste setentrional”, explicou o secretário de Extrativismo e Desenvolvimento Rural Sustentável do Ministério do Meio Ambiente, Egon Krakheche, que esteve presente no evento, realizado no auditório da Caern.
Um ponto preocupante do relatório é a agricultura, com a redução de áreas hoje aptas à atividade. Seguindo a tendencia atual haverá um encolhimento de 79,6% das terras cultiváveis do Ceará, 70,1% do Piauí e 64,9% da área agricultável de Pernambuco. “Queremos firmar um pacto de desenvolvimento sustentável e encontrar estratégias que permitam nos estabelecer frente a problemas do futuro”, disse Egon. As metas levantadas nos encontros serão apresentadas em um encontro nacional previsto para março.
Agropecuária
O presidente da Emparn, Henrique Santana, esteve no evento e alertou para a necessidade de um zoneamento agroecológico no RN. “A proposta do pacto é boa, porque a atividade agropecuária é uma das mais danosas à natureza. O RN tem 92% do bioma caatinga semi-árida, que é um dos mais susceptíveis ao aquecimento e tem como consequência a desertificação”.
Ele explica que as causas do problema são conhecidas, mas é preciso implementar ações que regulamentem o uso sustentável do solo. “É preciso criar um instrumento legal de ordenamento do uso do solo e de estratégicas de substituição da nossa matriz energética”, opina.
Outra urgência é a proteção do solo. “Temos que reduzir e ordenar o desmatamento. O uso de lenha no estado é grave: acabam uma fazenda por dia. Pobreza retroalimenta a degradação ambiental desenfreada. Só a conscientização ambiental não é mais suficiente, é preciso mecanismo legais que exijam e obriguem uma ocupação sustentável”. Santana disse que o zoneamento custaria R$8 milhões e demoraria três anos para ser concluído. “Tentamos recursos junto ao Governo Federal há três anos, sem sucesso”.
<