Avanços da transposição

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A Agência Nacional de Águas – (ANA) está a advertir, comprovadamente, através do Atlas que focaliza o tema “Águas na Região Nordestina”, que mais dinheiro – muito mais dinheiro – será exigido da União Federal, além da pecúnia que está a gastar na abertura dos canais Norte e Leste do atual projeto da transposição de parte das águas do rio São Francisco em curso. Haverá outros dispêndios que excederão os previstos com a transposição propriamente dita (R$ 5,5 bilhões) e os trabalhos também indispensáveis da “revitalização” do caudal, suas margens, seu leito, suas instalações portuárias, sua vegetação ciliar e assim por diante (R$ 1,5 bilhão). O terceiro montante – para que a água chegue com regularidade a pelo menos 73% das 1.892 localidades do semi-árido que se apresentam como críticas – poderá elevar-se a R$ 9,2 bilhões, se o país deseja que elas não venham a padecer do velho mal do desabastecimento.

Esta quota adicional necessária a que a transposição não fique a meio caminho visa, na essência, resolver duasquestões pouco anunciadas até hoje. O primeiro problema a resolver é o da insuficiência, o que equivale a dizer que se trata da questão da oferta apenas parcial do produto nalguns pontos do projeto principal (mananciais distantes ou com baixa disponibilidade dágua). O outro se refere à infraestrutura para o transporte da água, que incluem adutoras secundárias e estações para o adequado tratamento do produto a distribuir.

A discussão, infelizmente, não se encerra com a simples menção a essas providências, pois, ocorrem outras medidas de relevância semelhante que perdurarão, se os estados beneficiários não entrarem de corpo e alma na gestão desses problemas colaterais.

Enquanto se tocam as obras para a frente, é recomendável abrir discussão em torno do destino final das águas transpostas e transportadas de um lugar para o outro. Pergunta-se: qual o destino que vamos dar a essas águas uma vez disponíveis nos lugares onde hoje inexistem? Sabe-se que elas se destinam, de preferência, a saciar a sede de milhões depessoas do semi-árido nordestino. Entretanto, quando se fala em destino das águas o que se quer é atribuir vocação política à grandiosa obra: ou seja, servirá ela ao esforço agrícola, servirá para a pesca ou serão ainda dadas outras finalidades distintas às águas, de acordo com a vocação produtiva do homem e de cada lugar?

De tudo resulta que não se trata de uma obra simples, mas, ao contrário, de um trabalho complexo ao extremo, complexo e custoso. Os recursos envolvidos na recuperação desse homem nordestino, batido pela crueza das intempéries ainda não de todo dominadas, têm que ser aproveitados da melhor e mais ampla maneira possível, abrindo largas perspectivas para um novo e promissor tempo. Esses milhões de nordestinos a atender agora são um mar de necessidades imenso, talvez maior do que supunham os mais severos e pessimistas cálculos.

O assunto chega a ser a um só tempo delicado e portentoso, bem mais do que desafiador. Inexiste nação, por mais rica e poderosa que não desfaleça, caso dei

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