Cisterna de Placas democratiza água no semiárido brasileiro
A convivência com a seca está se tornando uma feliz realidade para cerca de 300 mil pessoas em nove estados brasileiros. Moradores das regiões castigadas encontraram na tecnologia social Cisternas de Placas uma maneira eficiente e de baixo custo para armazenar água da chuva por 8 meses. A metodologia é um exemplo de ideia simples que pode transformar histórias de vidas, como a da família de Francisca Cláudia Leitão Matos, moradora da comunidade Vertente, em Apuiarés (CE), a 132 km de Fortaleza.
A agricultora veio a Brasília (DF), acompanhada do marido Luciano Matos e da filha caçula Claudina, para receber, em evento na sede do Banco do Brasil, terça-feira (10/06), a placa simbólica e o termo de recebimento da cisterna de número 80 mil. Aos 40 anos, mãe de três filhos, Cláudia, como gosta de ser chamada, contou que vê no projeto Água para Todos a possibilidade de uma vida melhor. “Antes da cisterna, por várias vezes ficávamos doentes. Hoje eu tenho água boa para beber e cozinhar. Não tenho palavras para explicar a felicidade que sinto” disse, para as autoridades do governo federal, executivos e convidados da Fundação Banco do Brasil presentes.
Na comunidade Vertente moram 270 famílias – 255 possuem cisternas em suas propriedades e dividem a mesma felicidade da família da Cláudia. “Eu não acreditava que um dia pudesse ter uma cisterna na minha casa, mas quando a vi pronta eu disse: é verdade, eu tenho! Antes da cisterna, várias vezes nós ficávamos doentes. Hoje, eu sei a qualidade da água que bebo”, comemorou a agricultura.
Segundo o presidente da Fundação Banco do Brasil, José Caetano Minchillo, mais do que garantir o acesso à água para consumo, o processo de construção das cisternas de placa tem base em ações de desenvolvimento local e de inclusão social. “A seca passa a ser compreendida pela população como uma situação com a qual se pode conviver”, disse.
Naidison de Quintella Baptista, presidente da Articulação do Semiárido (ASA) avaliou que o investimento da Fundação BB na reaplicação da tecnologia social fortalece a autonomia e a cidadania das famílias envolvidas. “É uma mudança radical na vida das pessoas do semiárido. Não se atua na perspectiva do assistencialismo, mas se atua na perspectiva da cidadania onde as pessoas são dotadas de instrumentos que garantem seu direito de acesso á água potável”.
Tecnologia Social – Cisterna de placas é uma tecnologia social que compreende um reservatório de forma cilíndrica, coberta e semienterrada. A solução foi certificada pelo Prêmio Fundação BB de Tecnologia Social em 2001, na tentativa de solucionar a falta de água da população mais carente do semiárido brasileiro. Trata-se de um encanamento simples que recolhe no telhado das casas a água de chuva e a encaminha para cisternas no subsolo ao lado, revestidas com placas para não permitir a infiltração.
A metodologia envolve a comunidade na construção das unidades. Cada reservatório tem a capacidade de acumular 16 mil litros de água que, se usados com moderação, podem durar até oito meses para uma família de cinco pessoas, em atividades como cozinhar, beber e escovar os dentes. A Cisterna de Placas foi certificada na primeira edição do Prêmio Fundação Banco do Brasil de Tecnologia Social, em 2001.
Água para Todos – Em julho de 2012, a primeira unidade da Tecnologia Social foi construída na propriedade de Afifa Gonçalves de Souza, na área rural de Salto da Divisa, a 877 km de Belo Horizonte. Na época, o programa iniciava o cumprimento do acordo proposto em 2011, pela parceria Água para Todos – formada pela Fundação Banco do Brasil, Banco do Brasil, Articulação do Semiárido (ASA) e a Associação Programa Um Milhão de Cisternas (AP1MC), para a implantação de 60 mil cisternas, em oito estados do semiárido. Em 2013, o convênio foi ampliado para a construção de mais 20 mil unidades nos oito estados da primeira etapa e incluiu Sergipe, completando os nove estados que compõem o semiárido brasileiro. No dia quatro de junho 2014 a meta das 80 mil cisternas foi alcançada.