Água de chuva pode incrementar melhorias na alimentação de escolas rurais

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Hábitos inadequados ou mesmo a pequena oferta de frutas e verduras nos mercados e feiras locais, são algumas das causas da ausência desses produtos na merenda de escolas situadas em áreas rurais do Nordeste. Sem elas, os estudantes deixam de ingerir os nutrientes apontados como necessários pelo Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE).

Um problema e tanto que os pesquisadores da Embrapa Semiárido propõem suprir essa carência com a instalação, nas escolas, de cisternas voltadas exclusivamente para a produção de alimentos. Os técnicos da instituição vão estender para a área da educação rural uma experiência bem sucedida em propriedades de agricultores familiares de todo Semiárido com a captação de água de chuva.

Projeto – Com uma cisterna capaz de armazenar 16 mil litros de água de chuva e a instalação de um sistema simplificado de irrigação por gotejamento, consegue-se o bastante para ter, no quintal da casa, um pomar com 36 fruteiras e ainda cultivar hortaliças.

Em Barreiros, zona rural do município de Petrolina (PE), uma estrutura dessa fez o agricultor Alírio Gomes colher, ao longo do ano, 214 kg e 125 kg de acerola e mamão, respectivamente. Em outro trabalho feito no Campo Experimental da Caatinga, na Embrapa Semiárido, os pesquisadores registraram produção de 68 kg de pimentão, 84 kg de cenoura, 31 kg de berinjela, além de 76 pés de alface e 180 molhos de coentro.

No trabalho a ser executado junto às escolas, as cisternas vão ser maiores, para acumular 52 mil litros de água.

A capacidade de produção será bem maior e poder colher e consumir frutas e verduras frescas é uma garantia de qualidade à alimentação servida aos alunos, mesmo nos meses mais secos, afirma a pesquisadora Luiza Brito, da Embrapa Semiárido. É Ela quem coordena o projeto “Contribuições para a melhoria da diversidade dos alimentos nas escolas rurais do semiárido brasileiro no âmbito do P1+2”.

*Melhoria* – O objetivo é avaliar o impacto das cisternas na melhoria da alimentação em sete escolas rurais dos estados de Pernambuco e Bahia. Os dados e as informações levantados com as atividades previstas para serem realizadas até 2014, vão dar boas contribuições para consolidar o “Programa Uma Terra mais Duas Águas (P1+2)”, como política pública para as áreas dependentes de chuva do Brasil.

Em fase inicial de execução, Luiza, acompanhada da nutricionista Janaina Oliveira de Araújo, já realizou alguns testes. Um, de Avaliação Nutricional com 763 alunos de 12 escolas rurais da Bahia, Sergipe e Pernambuco. O outro, de Aceitabilidade, aconteceu apenas em três escolas de Pernambuco: 433 estudantes avaliaram duas dietas preparadas com ingredientes a base de hortaliças e frutas, e redução no uso de açúcar e sal.

De acordo com Janaina Araújo, na avaliação nutricional foram envolvidas crianças de cinco a nove anos e adolescentes de 10 até 19 anos. Em geral, não se observou deficiência nos índices estudados, como os de antropométricos (relação peso:idade, estatura:idade e índice de massa corporal por idade). Contudo, “é perceptível a necessidade de melhorias na alimentação ofertada nas escolas rurais”.

Em vários educandários predomina a alimentação à base de massas (bolacha d´água e sal, mingau, macarrão, baião de dois, etc.), que são alimentos energéticos, mas com baixa oferta de vitaminas, minerais e fibras. Professoras e merendeiras enfatizam a dificuldade de adquirir frutas e hortaliças. “As cisternas podem suprir as escolas do meio rural por meio da produção de alimentos com alto teor de nutrientes”.

*Preferência *– No teste de aceitabilidade, duas dietas foram oferecidas na alimentação escolar para consumo e avaliação pelos alunos. Uma das refeições constou de sopa e pão de macaxeira (/Manihot esculenta /Crantz). A segunda, foi preparada à base de arroz enriquecido com cascas de frutas, talos de hortaliças, com bolinho de macaxeira e frango, e suco de frutas diversas.

Esta, teve um nível de aceitação (86%), o que sugere sua inserção nos cardápios das escolas da rede pública. A primeira teve uma aceitação um pouco menor (72%), que a nutricionista atribui à forma de preparo com pouco sal. No entanto, ela também participará dos cardápios, “desde que haja um incentivo do consumo de alimentos saudáveis dentro da escola e no ambiente familiar”.

A dificuldade de ofertar frutas e hortaliças na alimentação das instituições de ensino pode ser suprida por meio da construção de cisterna de produção e instalação de pomar/horta, permitindo sua exploração e produção durante todo ano, garante Luiza Brito.

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