Ministra assina convênio para construir cisternas no semiárido

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Recife – A ministra do Desenvolvimento Social, Tereza Campello, assinou nesta quarta-feira dois convênios para a construção de 41.030 sistemas para armazenamento de água, para beneficiar 232 mil pessoas em todos os nove Estados que têm semiárido e estão enfrentando uma das mais rigorosas secas dos últimos 30 anos. O convênio soma R$ 138,3 milhões e foi assinado em praça pública, em São Caetano (PE), a 138 km do Recife.

Cada um dos dois convênios tem um objetivo específico. O primeiro é para a construção de cisternas domésticas, de 16 mil litros, que armazenam água para beber e cozinhar. Vão ser construídas 33,4 mil cisternas, em 85 municípios. O segundo convênio é para construção de outros sistemas e tecnologias que possibilitam o uso da água para a produção da agricultura e pecuária familiar. “São essas tecnologias sociais que não custam muito e tanto ajudam ao povo brasileiro”, disse Tereza Campello para os agricultores que ocuparam uma das principais vias de São Caetano.

Entre as tecnologias para a produção, a cisterna-calçadão é o sistema mais popular. Consiste na construção de um grande calçadão, uma área plana que serve para a captação de água da chuva, que é armazenada em uma cisterna maior, com capacidade para reter 52 mil litros de água. Além desse grande reservatório, o governo federal, em parceria com a Articulação do Semi-Árido (ASA), vai construir cisternas-enxurrada, barragem subterrânea, tanque de pedra, barraginha, barreiro trincheira e bomba d'água popular. O coordenador executivo da ASA, Naidison Baptista, frisou, no palanque: “Precisamos celebrar esses novos tempos”.

A ASA apoia cerca de 700 organizações que tem ação no semiárido brasileiro. No início do ano, a ASA teve a renovação de alguns convênios com o Ministério do Desenvolvimento Social suspensa em consequência das revisões que o governo federal estabeleceu em contratos com ONGs, depois de denúncias envolvendo outros ministérios e fez algumas manifestações contrárias à atitude. Os convênios representaram o retorno da ASA às parcerias com o governo federal.

Nem sempre ASA e a política de construção de cisternas do governo federal caminham juntas. O semiárido possui cerca de 600 mil cisternas domésticas construídas. A ASA estima que mais 750 mil serão capazes de universalizar o acesso à água de beber e faz campanha por equipamentos construídos pelas próprias comunidades, com placas de cimento. Pelo programa do governo, cerca de 300 mil cisternas são de polietileno (um tipo de plástico) e apontadas como pouco resistentes pela ASA.

Antes de subir no palco no centro da cidade, Tereza Campello visitou a pequena propriedade no distrito de Boqueirãozinho. O sítio de um hectare de Ivanilda Maria Torres foi o escolhido por exibir os dois mais conhecidos sistemas: a cisterna doméstica e a calçadão. A camponesa, de 44 anos, que vive com marido e três filhos, além de um rapaz que possui necessidades especiais, plantam feijão, milho, mandioca, banana e maracujá. Também cria três cabras, duas vacas e um bezerro. Parte dessa produção é conseguida graças à água acumulada e que ainda é suficiente para mais dois meses de estiagem.

* Especial para Terra

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