Cisternas garantem água no campo
“A seca tende a se prolongar até 2013 segundo alguns especialistas”. O mau presságio foi anunciado pelo coordenador da entidade Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), Naidson Batista, durante o painel “Universalização da Água: A Tecnologia Social Cisterna de Placas como no Semiárido”. Ele explica que estiagem sempre foi uma realidade para o sertanejo brasileiro, por isso é preciso criar modalidades de convivência com um quadro climático que aparece com naturalidade. “As conseqüências da seca não são questões da natureza, e sim da política”, avalia. Nesse contexto, Batista exalta a importância de se ter propostas sustentáveis para o semiárido partindo das experiências das comunidades. Uma delas é a construção de cisternas de placa pela região.
A cisterna de placa nada mais é do que um poço construído ao lado das casas. O reservatório recebe água por uma canaleta instalada no telhado para absorver o líquido vindo da chuva. Puxada pelo Programa Um Milhão de Cisternas, coordenado pela ASA, a construção dos reservatórios tomou impulso pelo semiárido brasileiro. De acordo com dados apresentados por Marcos Dal Fabbro, diretor do Departamento de Fomento a Produção e Estruturação Produtiva do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS), em 2011 foram investidos pelo governo federal R$ 150 milhões para a estruturação de 410 mil cisternas. Na esfera federal, o trabalho é feito dentro do Programa Água para Todos. A meta do governo é construir 750 mil cisternas até 2014.
Apesar de destacar a ampliação na construção das cisternas, o coordenador da ASA criticou a postura adotada pela Controladoria Geral da União (CGU) e Tribunal de Contas da União (TCU) no sentido de contestações quanto ao trabalho da entidade. Naidson classificou como “demonização das ONGs” a linha de trabalho que vem sendo adotada. Na prática, a burocracia emperra a disseminação dos equipamentos pelo semiárido. O coordenador da ASA explica que mesmo com o sucesso da cisterna como ferramenta de abastecimento, são cobrados processos como a desapropriação daárea em que o reservatório está sendo construído. As críticas a esse tipo de postura também estiveram na fala de Dalvino Franca, da Agência Nacional de Águas (ANA).