Saiba o que é, como funciona e as vantagens da barragem subterrânea

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O Globo Ecologia mostra no programa da série “O Bem Comum” sobre Juazeirinho que foi durante sua estada em São Paulo, após fazer o êxodo rural, que Inácio Tota Marinho conheceu uma tecnologia que mais tarde salvaria sua comunidade. Com apoio de vizinhos e parceiros de trabalho, e através do Programa de Aplicação de Tecnologias Apropriadas (PATAC), o agricultor paraibano conseguiu que seu desejo fosse realizado. E Juazeirinho ganhou barragens subterrâneas.

“Barragem subterrânea é uma tecnologia que permite armazenar água no subsolo, que vai ser usada para ajudar na produção, principalmente no período de estiagem. Aqui no semiárido, temos apenas quatro meses de chuva, durante o inverno. Nesse período, a barragem está cheia e a família usa essa água para o plantio de árvores de caju, de pinha, de graviola. Com o lençol freático diminuindo, as famílias partem para a produção de plantas com raízes curtas, como feijão e hortaliças”, explica José Camelo da Rocha.

José Camelo da Rocha é assessor técnico e coordenador do Programa de Recursos Hídricos da AS-PTA (Agricultura Familiar e Agroecologia). Sua organização atua na região do Agreste da Paraíba, não muito distante da região do Cariri, onde está localizado Juazeirinho. Na área em que a AS-PTA atua, já foram construídas mais de 50 barragens subterrâneas em cerca de 15 municípios, em parceria com outras organizações e com incentivo do programa “Uma terra e duas águas”, do Governo Federal.

“A primeira etapa é localizar onde é possível construir uma barragem subterrânea. Devem ser áreas que os agricultores possam aproveitar para a produção. Nós fazemos, então, uma escavação até o subsolo. Identificamos o subsolo fazendo um teste procurando o lugar onde não há mais passagem de água. Colocamos barro batido ou uma lona plástica de 200 µm ou micras (plural de micrón, unidade de medida que equivale a um milésimo de milímetro). A ponta da lona é chumbada (pregada) na parte interna da valeta que foi aberta. A lona é vedada e o solo retirado é colocado novamente por cima, aterrando a valeta”, explica José Camelo.

A abertura da valeta é feita de acordo com o fluxo de água e a lona deve ter largura de 10 a 20 metros de largura. O comprimento da barragem é medido de acordo com o fluxo de água da região (ela precisa ir de uma cabeceira de riacho a outra). E o que identifica a melhor localização, segundo Camelo, é o caminho das águas, ou seja, o local onde há passagem de água. Mas a construção da barragem subterrânea não pode ser feita sem um estudo prévio.

“No nosso semiárido, temos período de seca, mas também temos anos de muita chuva. A gente precisa estar preparado para esses anos. Por isso, a qualidade da obra tem que ser boa e a infraestrutura, resistente. A construção tem que considerar o índice de pluviosidade e o fluxo de águas desses riachos”, alerta José Camelo. “O objetivo é, quando chove, ter uma saída de água. Para que a água que caia naquela área de captação da barragem se infiltre e fique ali como espécie de esponja.”

Não adianta fazer uma barragem subterrânea em um rio com fluxo grande. A recomendação é que sejam feitas em riachos ou áreas de baixada, com pouco declive. O ideal é construir a barragem um metro e meio a cinco metros abaixo da terra. As barragens subterrâneas funcionam como reservatórios de água potável ou para irrigação e são resistentes à contaminação por poluentes, já que estão abaixo do solo. Em conjunto, elas regularizam a vazão das nascentes e dos rios, impedem enchentes e diminuem chances de assoreamento.

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O bem comum: Juazeirinho (PB)

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