Moradores comemoram construção de cisternas em escolas

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“Não é que o menino falou: Com essa cisterna aqui vai ter água pra nós e também pra nossos filhos, ao invés de pegar água no barreiro sujo de adubo de puleiro ter água fria e boa daqui”

Os versos acima são fragmentos de um poema de autoria do pedreiro Manoel Messias de Oliveira, 36 anos, que mora em Gameleira II e às vezes se permite aspirações de poeta. Messias rascunhou-o rapidamente, na manhã do último sábado, 14, no auditório do Colégio Diocesano. Era a segunda parte do ciclo de reuniões sobre o projeto que vai construir cisternas para captação de água da chuva em 27 escolas rurais de Vitória da Conquista.

Trata-se de uma iniciativa da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), com apoio da Prefeitura de Vitória da Conquista. As cisternas, que terão capacidade para armazenar até 52 mil litros de água, serão construídas por profissionais capacitados pelo Centro de Convivência e Desenvolvimento Agroecológico do Sudoeste da Bahia (Cedasb). Durante o trabalho, eles terão como auxiliares trabalhadores das próprias comunidades.

O poema de Messias, que posteriormente foi lido em público, trata das vantagens que o projeto trará para as comunidades. Ele explica que a água costuma ser escassa nessas localidades, o que dificulta o preparo da merenda escolar. “Com essa cisterna, vão acabar essas dificuldades”, diz Messias. “Os alunos vão ter água de boa qualidade”.

'BOA MELHORADA' – O professor Romildo Rocha dos Santos, 30 anos, trabalha desde o ano passado na Escola Municipal Joaquim Viana Andrade, localizada na fazenda Lagoa da Visão, próxima ao distrito de José Gonçalves. A cisterna, segundo ele, trará “muita alegria” para todos. “Não só os alunos, mas também toda a comunidade tem a ganhar”, explica. Romildo diz, ainda, que é dever da comunidade zelar pelo novo patrimônio, “que é de todos nós”.

Aos 19 anos, Jovenilton Araújo Santos mora na comunidade quilombola de Boqueirão, também na região de José Gonçalves. Ele estudou na Escola Municipal Gustavo Alves, que recentemente passou por um intenso trabalho de reforma, feito pela Prefeitura Municipal. Uma cisterna também será construída ali. “Vai dar uma boa melhorada”, diz o ex-aluno. “Os alunos vão ter água para beber”.

A merendeira Vitória Ramos Oliveira se diz “muito satisfeita” com a novidade da cisterna. Ela trabalha há dois anos na Escola Municipal Farinha Molhada II, próxima a Bate Pé, e afirma que o projeto trará muitas melhorias. “Vamos ser abençoados. As pessoas vão ficar muito contentes”, resume Vitória, mãe de cinco filhos. Todos eles estudaram na escola local.

Vitória registra que, com água de boa qualidade à disposição, ela poderá plantar uma horta no espaço da escola, o que pode significar mais variedade no cardápio da merenda escolar. Sua colega Edilza Oliveira Ramos, que trabalha na Escola Municipal João Moraes, na fazenda Lagoa de João Moraes, também está ansiosa por conta do fato de poder plantar verduras. “Em vez de comprar, vamos pegar no quintal da escola”, diz.

'MUDANÇA DE VIDA' – Ao fim da reunião, cada escola recebeu um kit com DVDs e cartilhas sobre o uso e preservação da água das cisternas. “Acreditamos que podemos contribuir para a mudança do semiárido”, informou Renato Evangelista Pereira, coordenador do projeto de construção de cisternas, que conduziu as reuniões da sexta e do sábado. “A cada dia, conseguimos mostrar que, com um simples gesto, é possível provocar uma mudança de vida”.

O monitor Melquisedech Bittencourt, que também auxiliou na condução dos trabalhos, também falou aos presentes sobre a importância da preservação das cisternas e da economia de água: “Se vocês souberem administrar o uso da água, terão duzentos dias de conforto”.

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