Dia da Água: cisternas melhoram a vida de 2,4 milhões pessoas no Semiárido

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Brasília, 21 – O agricultor se junta a mais de 480 mil famílias no Semiárido que coletam água para o consumo por meio das cisternas. Esse é o resultado de um trabalho capitaneado pela Articulação do Semiárido no Brasil (ASA), que congrega cerca de mil entidades da sociedade civil. O projeto considera o acesso à água recurso fundamental para a segurança alimentar, para o aumento da quantidade de alimentos produzidos e a diversificação de processos produtivos locais.

Desde 2003, o Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS) apoia o projeto e as iniciativas de tecnologias sociais de captação de água das chuvas. Das 480 mil cisternas construídas, 340 mil foram apoiadas diretamente pelo MDS.

Nos primeiros anos, foi priorizado o investimento na “primeira água” ou “água de beber”, ou seja, a água considerada alimento fundamental para a manutenção da vida. Em 2007, o ministério passou a apoiar projetos de “segunda água” ou “água de comer”, nos quais a água da chuva é usada para a pequena produção familiar de alimentos.

A partir de 2009, as ações se ampliaram para atender escolas da zona rural do Semiárido. A água, nesse caso, deverá melhorar as condições de ensino nas escolas da região sem acesso regular à água. É a chamada “água de educar”. A ação começou inicialmente na Bahia e se estendeu a os outros Estados da região. O projeto não visa apenas construir tanques de armazenamento, mas também conscientizar o cidadão quanto à convivência sustentável com a região de Semiárido e oferecer educação alimentar para professores, alunos e famílias da comunidade escolar.

Para a secretária nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do MDS, Maya Takagi, o acesso à água para o consumo é uma ação ao mesmo tempo emergencial e estruturante para as famílias que não têm acesso regular a ela. “Emergencial porque muitas vezes é a única forma de a família ter acesso à água sem perder tempo buscando-a a quilômetros de distância de casa. Estruturante porque a família passa a conquistar certa autonomia em relação à gestão do uso da água, mesmo que da chuva. Além disso, o tempo da família, das mães e das crianças, é readequado para atividades como educação, capacitação e mesmo lazer.”

E é isso que ocorre com a família de Maria Joelma Pereira, que já enfrentou muitas dificuldades em busca de água no interior de Pernambuco. “O mais importante é a questão da autonomia: água da gente aproveita o tempo da gente”, diz, acrescentando que a cisternas contribuíram até mesmo para a mudança no tipo de produção. “Passamos a trabalhar com agroecologia para preservar o meio ambiente.” Joelma vive com o marido e os três filhos na zona rural do município de Cumaru.

As 480 mil cisternas construídas no Semiárido beneficiam 2,4 milhões de pessoas. Além disso, já foram implantadas com o apoio do MDS 7.433 cisternas para produção de alimentos e 43 nas escolas. A meta do ministério para 2011 é construir mais de 100 mil cisternas para o consumo humano.

Tecnologias – A cisterna é uma tecnologia popular para captação e armazenamento de água da chuva e representa solução de acesso a recursos hídricos para a população rural do Semiárido brasileiro, que sofre com os efeitos das secas prolongadas – que podem durar até oito meses. Esse tipo de tanque permite armazenar 16 mil litros de água, o suficiente para família de cinco pessoas beber e preparar alimentos. É construída com placas de cimento que captam a água das chuvas do telhado, escoada para os reservatórios.

Os reservatórios identificados de segunda água servem para apoio à agricultura familiar na produção de alimentos para autoconsumo. Família que já tem a primeira água recebe esse outro benefício. São seis tipos de reservatórios: cisterna calçadão, barragem subterrânea, tanque de pedra ou caldeirão, barraginha, cisterna enxurrada e bomba d‘água popular (BAP).

As cisternas nas escolas têm capacidade para guardar 32 mil litros de água potável para os alunos; as de produção, com sistema de captação e armazenagem de água para irrigação de hortas escolares, comportam 50 mil litros.

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