Semiárido brasileiro se reúne, em Campina Grande, para discutir implementações na agricultura familiar

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Entidades de agricultores e agricultoras de toda a região do semiárido brasileiro, vinculadas a ASA Brasil, Articulação no Semiárido Brasileiro, estão reunidas, em Campina Grande, para discutir as ações sobre a qualidade das implementações das ações estruturadoras na agricultura familiar com ênfase nas barragens subterrâneas, tidas como tecnologia apropriada que vem contribuindo para uma melhor condição de vida das famílias agricultoras nos Estados do Nordeste e Norte de Minas de forma sustentável.

O evento está acontecendo no Titão Plaza Hotel, de 19 a 21, durante esta quinta-feira, sexta-feira e sábado e objetiva refletir sobre o processo de locação, construção e manejo de barragem subterrânea e discutir o processo de instalação e uso de bomba d'água popular além de aprofundar os conhecimentos para garantir a qualidade das tecnologias entregues às famílias dentre outras ações. Durante os três dias de evento que conta com a participação da Embrapa e da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, estão sendo apresentadas ações argumentativas retratando os aspectos de locação e construção das Barragens Subterrâneas; estudos sobre os aspectos de manejo de Barragens subterrâneas além de trabalhar experiências e informações sobre as bombas populares destinadas ao apoio no uso dos recursos hídricos dos poços existentes nas unidades rurais dentre outras reservas hídricas.

Edésio Medeiros é componente da ASA Pernambuco e, a exemplo dos diversos outros estados, apresentou as experiências e ações desenvolvidas em todo o Pernambuco. “A gente estava apresentando a experiência do Estado, somos quatro UGTs(Unidades Gestoras Territoriais) hoje que trabalha com o P1+2 no Pernambuco e a gente foi juntando a experiência de cada UGT com relação a barragem subterrânea: as dificuldades, os avanços que a gente tem tido nesses termos de parcerias que a gente tem tido com a ASA e para construir uma proposta universal de construção de Barragem Subterrânea , o manejo, o monitoramento, o processo de construção, de escavação, a locação das barragens, então a gente fez a apresentação do Estado na troca de experiências da gente e a gente espera colher, ao longo desse seminário, até o final dele, algumas orientações para que a gente possa melhorar cada vez mais o processo de construção das implementações”, explica a liderança ao dialogar com a equipe do Stúdio Rural, produtora do Programa Domingo Rural, garantindo que o grande clamor do meio rural continua sendo a busca por água, o que tem feito com que as lutas das entidades sejam iniciadas sempre por uma obra de recursos hídricos a exemplo das cisternas de placas que são continuadas por outras ações estruturadoras ao longo das mobilizações.

José Camelo é componente da ONG paraibana AS-PTA e representou as entidades paraibanas com apresentação dos trabalhos com Barragens Subterrâneas integradas ás ações diversas nas unidades familiares rurais e garante tratar-se de uma oportunidade de se avaliar as ações do P1+2 buscando agregar valor ao que vem sendo feito nos recantos diversos dos Estados do semiárido que possam contribuir para o melhoramento das implementações. “Nós temos uma diversidade de situações, cada estado tem uma forma diferente de fazer, mas o que a gente tem aprendido com esses intercâmbios, com esses eventos juntos é que na medida em que um está tendo dificuldade no estado, ele vai aprendendo com o outro, e o objetivo do nosso evento é esse, é fazer com haja uma troca de experiência e que a experiência que vai indo bem em um estado possa estar contribuindo com o outro pra que ele também possa ir superando suas dificuldades”, explica Camelo em entrevista ao Stúdio Rural na tarde desta quinta-feira 19 de agosto.

Micilene Vieira é componente da ASA Rio Grande do Norte e falou sobre as ações que estão sendo trabalhadas naquele estado nordestino compartilhando informações sobre as Unidades Gestoras do P1+2 de todo o RN e, ao falar com nossa equipe Domingo Rural, ela explicou sobre estratégias importantes que estão sendo trabalhadas nas microrregiões do semiárido potiguar, ações tecnológicas e culturais que constantemente estão sendo intercambiadas por todo o semiárido brasileiro. “Pra o GT Sertão Verde onde a gente está trabalhando com o P1+2 desde janeiro de 2009 é importante esse momento, esse espaço, porque serve de multiplicação e aprimoramento de nosso conhecimento, a gente está numa caminhada que a gente considera como novo, então pra gente é o espaço que deve ser multiplicado que é importante e que deve perdurar em outros espaços para que a gente possa aprimorar essas técnicas de construção das tecnologias sociais e que a gente possa, a partir desses conhecimentos, possibilitar ao homem e a mulher do campo, melhores condições de vida”.

Antônio Gomes Barbosa é coordenador nacional da ASA Brasil no Programa e, ao ser entrevistado por nossa equipe, falou sobre a importância da oficina realizada e sobre a eficácia dos recursos aplicados pelo MDS, Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, a partir da participação das entidades e das famílias agricultoras beneficiadas por toda região semiárida brasileira, prática que tem feito com as obras tenham o acompanhamento, gestão social e fiscalização pela própria sociedade organizada e ao mesmo tempo com práticas tecnológicas criadas e experimentadas pelas entidades dentro das realidades locais, e garante que essas são as tecnologias que realmente servem como suporte eficiente para toda a região. “Acredito que sim, e aí a gente pode partir, inclusive, de números.

Só a ASA a partir do Programa Um Milhão de Cisternas já construiu mais de 300 mil cisternas, então são 300 mil famílias, no último levantamento que o IBGE fez fala-se algo em torno de 500 mil cisternas construídas no semiárido.

Então uma cisterna que é uma obra pequena, barata e que todo mundo dizia que servia para muita coisa, hoje é uma garantia real para garantir água potável e de qualidade para as famílias e associado a isso o conjunto de outras iniciativas como cisternas calçadão, barragens subterrâneas, tanques de pedras, bombas d’água popular, barreiro trincheira, barraginhas e várias outras tecnologias de captação de água de chuvas simples, baratas, perto das pessoas porque acho que tem um pouco dessa lógica porque se pensava muito que o grande, o longe e o complicado era o resolvível, quando na verdade hoje a gente percebe que o que está perto da família, o que é simples e que é acessível e que as famílias inclusive dominam o próprio processo de construção e é isso que tem sido a saída”, explica a liderança ao contatar com nossa equipe.

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