COOPERCUC – Cooperativa é referência internacional
Economia popular solidária
Canudos, Uauá e Curaçá – BA
Cooperativa tem 141 associados, entre homens e mulheres
A Cooperativa Agropecuária Familiar de Canudos, Uauá e Curaçá (Coopercuc) foi constituída em junho de 2004 por um grupo de 44 mulheres agricultoras rurais unidas no sertão baiano. Tem sua bases nos movimentos sociais, Comunidades Eclesiais de Base, mutirões, missões, catequese, organizações comunitárias, associações, partido dos trabalhadores, lutas sindicais.
Desde 1986, um grupo de 20 mulheres começou a se reunir e, mesmo de forma artesanal, utilizava o umbu na preparação de alguns produtos. Quatro anos depois, criou-se a Fundação Grupos Unidos do Sertão, com a participação de 30 comunidades (mais de 100 pessoas). Estes produtos eram comercializados em feiras, sendo colocada a primeira barraca na feira de Uauá, com 1000 kg de produtos processados. Surgia a cada dia a necessidade de melhorar a oferta e qualidade dos produtos.
Com a perspectiva de melhorar a organização da produção, o grupo deu passos para a fundação da COOPERCUC, constituída em abril de 2003 e legalizada em 28 junho de 2004, localizada em Uauá. Logo em 2005 foram instaladas 10 minifábricas no interior destes municípios.
A partir de 2006, deu-se início o processo de certificação orgânica. Em 2007, criou-se o Selo Certificação Orgânica Nacional. A primeira venda foi para a CONAB e a primeira experiência de exportação com a França.
Com um atual quadro social de 141 cooperado/as, a Coopercuc tem a missão de contribuir para o fortalecimento da agricultura familiar visando a produção ecologicamente correta, economicamente viável, socialmente justa e solidária, contribuindo com a melhoria das condições de vida sustentável das comunidades rurais nos municípios de Canudos, Uauá e Curaçá, localizados no território do Sertão do São Francisco, região semiárida.
Ao longo de 5 anos vem desenvolvendo a autoadministração e gestão cooperativista em torno da organização, beneficiamento e comercialização dos produtos da agricultura familiar, em especial dos produtos oriundos do extrativismo das plantas nativas do bioma caatinga, a exemplo do umbu e do maracujá nativo, na transformação em doces, geleia, polpas, sucos, compotas, vinagre e outros, com grande aceitação nos mercados nacional e internacional. A Coopercuc realiza seu trabalho respeitando quatro eixos: social, ambiental, cultural e econômico.
Atualmente trabalha com seis tipos de frutas: umbu (fruta mais utilizada), maracujá da caatinga, maracujá amarelo, manga, goiaba e banana. Está configurada em forma de uma rede, onde congregam 16 associações rurais com 16 mini-unidades de processamento de frutas e ambas as partes desenvolvem as políticas de desenvolvimento local sustentáveis das comunidades rurais de fundo de pasto, com um público alvo de 300 famílias. Hoje são 200 toneladas de frutas processadas com o certificado de orgânico e comercializadas.
Em 2009, 50% da produção foi vendida pra o governo federal, através do Programa de Aquisição de Alimentos (PAA), operacionalizado pela Companhia Nacional do Abastecimento (CONAB); 25% ao mercado internacional (França, Áustria e Itália); e 25% ao mercado nacional. Hoje, a Cooperativa tem certificação extrativista, orgânica e Fair Trade. Cerca de 250 famílias são beneficiadas pelo trabalho, gerando uma melhoria na renda em torno de 30%.
A experiência da Coopercuc demonstra que a economia solidária acontece pautando um jeito diferente de produzir, vender, comprar, sem explorar, sem destruir o meio ambiente. Baseada na organização, cooperação, autogestão, solidariedade, promoção da dignidade e valorização do trabalho humano.
O trabalho da Coopercuc é referência regional, nacional e internacional, no entanto é preciso superar alguns desafios, entre os quais é fundamental ampliar os canais de comercialização e fortalecer a gestão da Cooperativa.