Encontro Estadual da ASA Alagoas pauta avanços e perspectivas para o Semiárido
A estiagem prolongada e as perdas de direitos foram alguns dos assuntos abordados durante a 15º edição do Encontro Estadual da ASA Alagoas (EneASA), que aconteceu de 26 a 28 de outubro no Centro de Formação Pio XII no município alagoano de Palmeira dos Índios. Na ocasião, os/as agricultores/as, técnicos/as participaram de intercâmbios e também de oficinas acerca de temas como: educação contextualizada, comunicação como direito, organização das mulheres, gestão das águas, terra e território e agricultura camponesa.
Em cada um desses momentos, foram relatados os impactos positivos conquistados pelas famílias com o acesso a Programas de implantação de tecnologias de convivência com o Semiárido da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA), bem como a ausência do Estado nas três esferas: municipal, estadual e federal na promoção de políticas públicas de acesso à água e a terra, a sementes crioulas, a educação no campo, a assistência técnica, a inclusão produtiva.
Na roda de conversa os/as participantes falaram dos avanços obtidos nos últimos anos, mas também dos desafios e das perspectivas de se viver no campo. Para contribuir com a discussão, foram convidados o professor da Universidade Federal de Alagoas (Ufal), Cícero Albuquerque e a militante do Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA), Priscila, os quais fizeram uma análise de conjuntura da agricultura camponesa no contexto estadual e nacional.
Durante o debate, o agricultor Sebastião Damasceno, do Sítio Cabaceiro em Santana do Ipanema fez uma provocação sobre os desafios que a mulher e o homem do campo terão nos próximos meses. “Está sendo muito difícil viver no campo sem políticas públicas, principalmente nesse momento de estiagem prolongada. O governo vem cortando nossos direitos e, com a PEC 241, como vamos continuar vivendo no sertão?”, questiona.
Já a agricultura Severina que mora na comunidade Serra Bonita em Palmeira dos Índios-AL destaca o quanto está sendo complicado permanecer no campo. “Tenho 75 anos e nunca vi uma seca dessa não. Os passarinhos estão com fome e sede, as abelhas estão furando até as laranjas. Estou alimentando alguns passarinhos. Ainda bem que tenho a cisterna de beber e a de produzir da ASA, e ainda consegui fazer mais uma para beber. Se não, não sei como seria, porque a coisa tá muito difícil”, disse.
Encaminhamentos
Como resultado do EneASA, foi construído um documento que será encaminhado como norte para IX EnconASA (Encontro Nacional da Articulação Semiárido Brasileiro) que trará o tema, Povos e Comunidades Tradicionais: resistindo e transformando o Semiárido. Ainda durante o Encontro, foi apresentado o abaixo-assinado Por uma lei da Mídia Democrática do Fórum Nacional pela Democratização da Comunicação (FNDC).
Na ocasião, foi eleita a delegação formada por agricultores/as, comunicadores/as, técnicos/as e assessoria pedagógica que participarão do evento da ASA que acontece de 21 a 25 de novembro em Mossoró-RN. O IX EnconASA será o momento de aprofundamento do debate da importância do modelo de convivência e, ao mesmo tempo, visibilizar os impactos da atuação da ASA e das políticas públicas governamentais nestes territórios.