Capacitação em gestão de água para produção de alimentos promove reflexão sobre avanços no campo

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“Deus chama a gente pra um momento novo de caminhar junto com seu povo”. Embalada pela linda canção de Ernesto Barros e através da mística da circularidade representada na abertura do encontro pela ciranda, a Cáritas Diocesana de Crato realizou no período de 01 a 03 de julho a Capacitação em Gestão de Água para Produção de Alimentos (GAPA) com as 85 famílias beneficiárias do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) no município de Vázea Alegre no estado do Ceará.

A ciranda inicial, conduzida pela monitora Ana Cristina Laurentino na formação ocorrida na comunidade de Juazeirinho, começou meio fora do passo. Talvez ocasionada pelo acanhamento do primeiro encontro, pelo costume de estar em fila ou dentre outros, pela incerteza do que viria a acontecer.

O objetivo do curso dialoga com o enredo da música, e está junto com o povo é valorizar seu conhecimento, é promover a troca de saberes entre as famílias visando o manejo sustentável da água. Foram três dias de encontro. A cada dia o passo ia se acertando e o cântico foi ficando cada vez mais forte. Os participantes fizeram o mapa da comunidade e refletiram sobre as transformações que ocorreram nela ao longo do tempo, umas para o bem como a chegada da eletricidade e outras para o mal como a perda de muitas variedades de sementes e plantas nativas.

O agricultor Pedro Caboclo da Silva do Sítio Lagoa de Dentro, destaca que as sementes melhoradas de milho podem fazer com que aconteça com a produção do milho o mesmo que aconteceu com o algodão. “Antigamente eu e meu pai plantávamos aquele algodão preto e colhíamos todo ano, depois veio aquele branco que no começo deu certo, mas foi se acabando. O milho que a gente planta hoje parece que já vem com a lagarta dentro. A gente coloca veneno, mas já não consegue combater”, afirma.

No Gapa foram trabalhadas questões como a importância da sociedade civil na incidência nas políticas públicas para o Semiárido, sobre agroecologia e sementes crioulas, manejo da água na comunidade, dentre outros. Para Cristina Laurentino, uma das coisas que mais a impressionou foi a vontade do povo de participar. “Eles fizeram o mapa da comunidade, opinaram, participaram das dinâmicas. E tem alguns aqui na turma do Juazeirinho que nem são beneficiários, mas estão aqui dando as suas contribuições e participando”.

Parafraseando mais um trecho da música de Ernesto, “É hora de transformar o que não dá mais,” vimos que para acertar o passo da ciranda principalmente na conjuntura política, é preciso caminhar com o povo, respeitar suas vontades e saberes e promover a transformação a partir da realidade do povo.

 

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