Canudos, uma experiência solidária de inclusão social

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A 28ª Romaria de Canudos acontecerá nos dias 16, 17 e 18 de outubro. A cidade fica no Sertão da Bahia, a 420 km da capital Salvador. A primeira Romaria foi realizada no ano de 1988 com o tema “Povo que Reza Resiste” e o lema “Canudos, uma Comunidade de Fé”.

 

Canudos ficou conhecido a partir do Século 19 (Junho de 1893), há 122 anos, quando um grupo formado por cerca mil pessoas entre mulheres, homens e crianças, de várias etnias como negros, índios, brancos e pardos, em sua maioria agricultores e agricultoras, na companhia de Antônio Vicente Mendes Maciel, o Antônio Conselheiro, chegam às margens do Rio Vaza Barris, na fazenda Cocorobó, e ali construíram uma comunidade.

Só Deus é Grande!
Inspirados na Bíblia, Antônio Conselheiro e companheiros realizam um modelo de vida em Comunidade, conforme Atos dos Apóstolos 2,42s. A comunidade recebeu o nome de Belo Monte por Antônio Conselheiro que costumava dizer em suas pregações: “A Terra não tem dono, a terra é de todos, a terra é de Deus. Só Deus é grande!”

Sujeitos de uma má gestão, a exclusão estava direcionada aos mais necessitados por “serem” considerados incapazes de participar do “progresso” recém-estabelecido. Vários projetos não apropriados e acontecimentos contribuíram para esta marginalização, dentre os quais o coronelismo e o latifúndio, o estado e a igreja.

O Hino da Campanha da Fraternidade de 2015 diz em uma estrofe: “Os grandes oprimem, exploram o povo / mas entre vocês bem diverso há de ser / quem quer ser o grande se faça de servo / Deus ama o pequeno e despreza o poder”.

A Vida Canudos, na Comunidade Belo Monte, todos eram bem acolhidos e respeitados, engajados nas atividades e na partilha. Participavam das tarefas em mutirões, tinham moradias, roças onde plantavam, colhiam, comiam e guardavam alimentos e água, criavam animais, desenvolviam artesanatos, viviam de forma sustentável, preservavam a Caatinga, a cultura e a devoção. A economia popular local era sustentável e a convivência era harmoniosa também na cultura, religiosidade e na organização. Os direitos e deveres eram iguais. A comunidade foi considerada na época a segunda maior cidade do estado.

O Massacre de Canudos. A perseguição e a destruição aconteceram na história dos primeiros anos do Brasil República, no período do governo do primeiro presidente civil da história do país: Prudente de Moraes (1894-1898). Após quatro expedições militares, no dia 5 de outubro de 1897, um ano de incensáveis lutas e uma feroz resistência por parte de seus defensores, o arraial Belo Monte foi tomado pelo exército.
A experiência Social de convivência vivenciou 4 anos e 4 meses.

As Romarias. O Instituto Popular Memorial de Canudos (IPMC), juntamente com a Paróquia de Canudos e a Comissão da Sociedade civil, trazem a cada ano para as romarias temas atualizados com objetivo de vivenciar a fé, reviver nossa história, buscando discutir conhecimentos locais que sejam apropriados e sustentáveis ao desenvolvimento da região. Outra finalidade é fomentar e estimular as organizações, professores, estudantes, poderes públicos, igrejas, agricultores e agricultoras, familiares de nosso município e da região e participantes em geral sobre a reflexão e o exemplo Histórico de Canudos, destacando o papel do sertanejo nesse contexto, estabelecendo uma relação entre o passado e o presente, preservando e resgatando a história.

O presidente do IPMC, Padre José Alberto, fala dos objetivos das romarias: “Manter viva o resgate da memória do povo de Canudos e região, celebrar as lutas e esperanças, as conquistas e os frutos da Roça, da Agricultura Familiar, seus costumes e tradições”.

Sobre a participação de Naidson de Quintella Baptista, da coordenação nacional da Articulação do Semiárido Brasileiro (ASA), na 28º Romaria, o Padre Alberto diz: “É imensa a expectativa das pessoas, das entidades e organizações para a participação de Naidson porque vai nos ajudar a suscitar a autoestima missionária das entidades, dos agricultores/as e de todos”.

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