IRPAA participa de Simpósio Internacional de Captação de Água de Chuva na Etiópia

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A construção de cisternas, barragens subterrâneas, hidroestesia, criação em áreas de Fundo de Pasto, foram algumas das experiências socializadas durante o Simpósio Internacional de Captação de Água de Chuva, realizado em Addis Abeba, capital da Etiópia, na África, no período de 01 a 12 de junho.

Com a intenção de contribuir com a discussão acerca da importância da água da chuva para Convivência com o Semiárido brasileiro e sobre a política da água, o colaborador João Gnadlinger participou do Simpósio que contou tanto com atividades na capital quanto em cidades na região leste e norte do país.

Na primeira semana na capital de Addis Abeba foi tratado sobre a política da captação e manejo de água de chuva, onde se discutiu como fazer de experiências isoladas um programa mais abrangente. Na África, mais pobre que o Brasil, não se pode contar com o apoio do governo como acontece no Semiárido brasileiro, por isso organizações vão tentar conseguir um projeto de fundo rotativo de 1 bilhão de dólares para vários países em conjunto com recursos do Banco Mundial e/ou de doações particulares, onde os beneficiários de cisternas e outras tecnologias podem conseguir um microcrédito que depois vão devolver a este fundo.

Na segunda semana, um grupo de 150 pessoas de países como Sudão, Sudão do Sul, Quênia, Malawi, Níger, Mali, Burkina Faso, Uganda, além da Etiópia, se deslocou para a cidade de Dire Dawa, a 700 km de Addis Abeba, na região leste, cujo clima é quente e seco. A partir das visitas de campo, apresentações e discussões, foram debatidos temas como a captação de água de chuva numa paisagem semiárida, manejo de rios temporários no Semiárido, captação de água de chuva em estradas e pontes, captação de água de chuva para agricultura, etc. “As visitas no campo deram também a oportunidade para conhecer um pouco a vida do povo. A maior parte são criadores de animais, eles plantam um cereal chamado ‘tef’ adaptado ao clima semiárido que só se conhece na Etiópia. Este país nunca foi colonizado”, relata João.

Cidade de Etiópia | Foto: Arquivo IRPAA

A Etiópia é o berço da humanidade e tem experiências de captação de água de chuva há milênios. O mosteiro de Debro Damo fica em cima de uma rocha quase inacessível e os monges vivem da água de chuva captada em caxios e caldeirões há 1.500 anos. Hoje a Etiópia, principalmente por causa de políticas desastrosas das últimas décadas, é um país bastante pobre, mas está se recuperando. Ainda não tem programas sociais e também não conta com financiamentos governamentais para obras como construção de cisternas como hoje acontece no Brasil. As organizações estão iniciando a construção de cisternas de água de beber e para a agricultura e estão buscando conhecer experiências para optar pela melhor tecnologia.

Após o Simpósio, o representante do Irpaa foi convidado para conhecer a Ong Helvetas que, há cerca de 10 anos, começou a trabalhar na Etiópia numa época de grande seca e fome e hoje tem um trabalho de convivência com o clima e meio ambiente semelhante às Ong’s do Semiárido brasileiro. João Gnadingler orientou a Ong na escolha da tecnologia mais apropriada para um programa de cisternas de larga escala. Além disso, conheceu comunidades de Fundo de Pasto que melhoram sua situação de vida: as famílias criadores de cabras e ovelhas recuperam terraços abandonados onde podem plantar cereais e verduras, vendem as frutas da palma na cidade e na capital, plantam erva sal e misturam com palma para dar aos animais, também enfrentam problemas de acesso à terra devido a ação de mineradoras, etc.

O Irpaa fez esta viagem a convite da Rainfoundation e de AFRHINET e foi uma visita de retrobuição, uma vez que um grupo do Quênia e da Somália participou do 9º Simpósio de Captação e Manejo de Água de Chuva, em Feira de Santana, BA, em 2014, e tem como objetivo a troca de experiências entre as diferentes regiões semiáridas do mundo.

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