Escola Municipal Liberato Félix Martins

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A Escola Municipal Liberato Félix Martins, da Comunidade de São Bento, no município de Curaçá – BA, hoje se orgulha de, depois de 41 anos de existência, começar a vencer uma das maiores batalhas enfrentadas por escolas rurais, que é a aquisição de terreno e sede próprios, para abrigar suas turmas, que ainda estão divididas em 8 salas alugadas. Mas esta conquista não veio sem antes a comunidade escolar se tornar um exemplo na construção da luta por educação contextualizada.

Ao receber projeto de Assistência Técnica e Extensão Rural –ATER – implantado pelo IRPAA em 1996, que culminou com a construção de uma cisterna para consumo e posteriormente a cisterna de produção juntamente com a implementação da horta na escola, a comunidade provocou a instituição sobre sua formação para inserir o contexto da aquisição de água e de produção nas suas práticas escolares.

Após 28 anos de intensa construção coletiva de materiais pedagógicos, formações e técnicas de educação tendo como base a convivência com o semiárido, o resultado que se vê é refletido desde o primeiro contato com a escola, que se localiza centralmente na comunidade. Cada turma da escola se apropriou do cuidado de um canteiro da horta escolar, assumindo um dia tarefa de cuidado com o todo da horta. Os alimentos produzidos são usados na alimentação escolar e o excedente é doado as alunas e alunos e suas famílias.

O terreno foi doado pela prefeitura e dois grandes prédios já foram erguidos próximo a comunidade. Este processo facilitará a integração das turmas e melhoria das aulas, que terá um espaço físico mais apropriado para sua realização. Mas já está decidido que o trabalho na horta continuará, mesmo após a mudança, pois já faz parte do processo de aprendizagem das crianças e de integração desta prática a dinâmica da comunidade.

Alguns dos desafios que a comunidade ainda enfrenta é o financiamento para produção e disseminação de seus materiais pedagógicos, os quais eles próprios, alunos e professores, já são capazes de produzir. Outro debate é a continuidade da agroecologia como centralidade da educação na comunidade, uma vez que hoje ela é usada nas aulas de matemática, biologia e até português, mas se vê ameaçada pela falta de insumos, como sementes crioulas, ou mesmo da adequada implementação de políticas públicas como a de aquisição de alimentos.

Ficam então o brilho nos olhos e a disposição de crianças que, desde, cedo aprendem na escolar que o que alimenta também ensina.

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