Encontro Territorial na Bahia revela as boas ações de convivência com o Semiárido
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Roque Pamponet, agricultor e participante do Encontro, com banner que conta sua história | Foto: Alan Lustosa |
“Mulheres organizadas o que podemos fazer? Por a semente na terra para ver ela nascer. Depois da semente nascida, dela devemos cuidar, regando todos os dias para ver ela prosperar e quando cair a chuva… Ah! Já temos em que guardar: em barreiros e cisternas que as Cáritas veio nos ofertar”.
O poema acima é de autoria de uma das participantes do Encontro Territorial do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), desenvolvido com apoio da Fundação Banco do Brasil, e que acontece nos dias 4 e 5 de fevereiro, no Centro de Treinamento de Líderes em Baixa Grande, na Bahia. Dona Jecinha, agricultora e moradora da comunidade de Várzea da Pedra, expressou em palavras o que está achando do encontro que participa com mais 70 pessoas.
O público do evento é formado por famílias contempladas com cisternas, casas de sementes e viveiros de mudas, monitores/as da Cáritas que acompanham a execução das ações, integrantes das comissões municipais formadas pela sociedade civil para fazer o controle social do P1+2, pedreiros e fornecedores de materiais de construção, além de Jeoval e Gregório, padres das paróquias de Baixa Grande, Mairi e Várzea da Roça, respectivamente. Dom André, bispo diocesano de Ruy Barbosa e Pedro Lima, prefeito municipal de Baixa Grande, também marcaram presença no evento.
O Encontro Territorial tem como objetivo avaliar as ações do projeto junto às famílias, que são acompanhadas pela Cáritas Regional Nordeste 3, e moradoras das diversas comunidades dos municípios de Baixa Grande, Mairi e Várzea da Roça. São 300 famílias envolvidas em todos os processos que abarcam, além da construção das tecnologias de captação e armazenamento de água de chuva, capacitações e visitas de intercâmbios a outras propriedades.
Já Dom André, bispo da diocese de Ruy Barbosa, destaca que “as responsabilidades de mudanças estão em nossas mãos frente ao grande número de pessoas excluídas. Estar aqui hoje é afirmar que a missão da Igreja, através da Cáritas, é estar com as pessoas em situação de exclusão”.
As experiências revelam as possibilidades trazidas com o estabelecimento de novas relações entre o Estado e a sociedade civil. Neste caso, o papel do Estado é apoiar as iniciativas autônomas e criativas gestadas no meio da sociedade, no meio dessa gente que habita o semiárido, reformulando as bases estruturais do modelo de desenvolvimento pensado até hoje para o Semiárido brasileiro.
O prefeito de Baixa Grande, Pedro Lima, assegura a importância do acompanhamento técnico por parte do município junto às famílias que receberam as cisternas para não perderem a possibilidade de produzir alimentos. E acrescenta: “Tem que se dar a devida importância às tecnologias implantadas pela Cáritas e toda a rede de organizações que integram a ASA”.
O encontro territorial é uma radiografia do que tem acontecido no Semiárido, mostrando que as ações de convivência com a região são a bela mistura dos ideais, crenças, sabores e aspectos culturais do povo nordestino. Eleiane Santos, de Ponto de Mairi revela isso, quando diz:
“Cáritas e ASA se juntaram para atuar no sertão
Melhorando a qualidade de vida de toda população
Trabalhando com seriedade com os pequenos produtores rurais
Tem o nome limpo em todos tribunais
Cisterna de enxurrada, consumo e calçadão produzindo alimentos saudáveis combatendo à fome e à desnutrição
Mobilizando as pessoas pra lutar por seus direitos
Com solidariedade vencendo preconceitos”.
É NO SEMIÁRIDO QUE A VIDA PULSA. É NO SEMIÁRIDO QUE O POVO RESISTE