Rádios comunitárias e desafios é tema de debate do encontro estadual de comunicação da ASA Maranhão
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Mesa debate rádios comunitárias e seus desafios. | Foto: Ylka Oliveira/Asacom |
Conhecer e potencializar a comunicação popular e comunitária no Semiárido maranhense no trabalho em rede com a ASA Brasil. Com base nestes objetivos jornalistas, estudantes de comunicação, representantes do movimento Levante Popular da Juventude, quebradeiras de coco, representantes de sindicatos dos Trabalhadores e Trabalhadoras Rurais do Maranhão e a coordenação executiva da ASA naquele estado se reuniram nos dias 16 e 17, na capital São Luís.
O debate sobre as rádios comunitárias e seus desafios também foi tema de discussão no encontro. O presidente de Associação Brasileira de Rádios Comunitárias (ABRAÇO), Luís Augusto Nascimento, falou da experiência de criar as primeiras rádios comunitárias no Maranhão, a exemplo da rádio Bacanga que existe há 16 anos. A rádio foi criada em uma área considerada de risco, numa localidade onde moram mais de 250 mil habitantes. A região é rodeada pelo complexo portuário do Itaqui e grandes empresas como a Petrobras e a Companhia Vale do Rio Doce.
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Comunicação para uma vida digna no Semiárido maranhense. | Foto: Ylka Oliveira/Asacom |
Depois de ser fechada pela Anatel, passar um mês fora do ar, responder processos na justiça, a rádio conquistou a concessão pública em 2002. “Sofremos represálias de empresários que não queriam que a gente falasse de ônibus velhos, caindo aos pedaços. Mas hoje comemoramos fazer transmissão ao vivo fazendo link para 60 rádios comunitárias. O meio de comunicação embora não seja bem visto pelos ditos ‘donos da mídia’ são meios de comunicação, quer seja na frequência modulada ou por alto falantes”, disse Luís Augusto.
Para a quebradeira de coco de Babaçu, do município de Chapadinha, Gracilene de Jesus Almeida Cardoso, participar do encontro é uma oportunidade de aprender mais sobre a comunicação e seus direitos de cidadã. “Esse encontro veio para aumentar meus conhecimentos. Descobri que existem leis e que podemos ir atrás dos nossos direitos. A rádio mesmo avisa tudo a todo mundo. E a comunicação é o carro-chefe de nossos trabalhos”, avalia.
A programação também contou com mesa temática sobre a comunicação para uma vida digna no Semiárido. O debate contou com a participação do jornalista das Comunidades Eclesiais de Base (Cebs), Ramon Alves, a jornalista da Assessoria de Comunicação da ASA Brasil, Ylka Oliveira, e mediação do blogueiro Alexandre Pinheiro. A mesa apresentou uma retrospectiva da chegada dos meios de comunicação no país, a tentativa de se estabelecer medidas para a área como a criação da Empresa Brasil de Comunicação no período do governo Lula (PT), e um panorama dos veículos de comunicação no Maranhão e o domínio das concessões públicas por políticos locais. “A rádio comunitária é um veículo de transformação social. Quando ela entende seu papel pode cobrar de prefeitos e vereadores na sua cidade”, conclui o locutor de rádio comunitária Neuton Cesar.