Comunidade de Catana Velha mantém viva a tradição de preservar as sementes crioulas

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Diversas sementes como feijão de corda, mangalô, milho capuco roxo, abóbora caçadeira, cebola ciganinha, feijão carioquinha entre outras, podem ser encontradas na Casa de Sementes comunitária localizada na comunidade de Catana Velha, no município de Lamarão, região do semiárido baiano. Uma iniciativa dos agricultores/as familiares da comunidade, a Casa de Sementes é um espaço que reúne as diversas sementes da região e promove a troca de saberes sobre cultura, alimentação saudável, segurança alimentar e agroecologia.

Para fortalecer protagonismo comunitário, a ASA, através do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), e da execução do Movimento de Organização Comunitária (MOC), apoiou a organização física do banco de sementes. Agora, a Casa de Sementes de Catana Velha está bem organizada, com todas as sementes catalogadas e devidamente guardadas, favorecendo que a cultura de preservação siga no sentimento dos agricultores/as familiares, desde o plantio até a colheita.

Tradição que vêm dos pais, avós e bisavós das famílias, a preservação das sementes crioulas, sementes da terra, cultivadas sem o uso de agrotóxicos e insumos químicos é uma prática que envolve amor e resgate dos costumes tradicionais.

Dona Antônia Teles de Menezes, agricultora familiar e uma das moradoras mais antigas da comunidade, conta sobre a importância de preservar as sementes para o plantio. “Aprendi a guardar as sementes com meus pais e meus avós. A semente da gente é uma semente antiga, uma semente garantida que a gente planta e vê nascer todo ano”, afirma.

Presidente da Associação Comunitária, Seu Joaquim Ferreira Santiago explica que a Casa de Sementes permite fortalecer a tradição de guardar as sementes para o plantio, promovendo a sua troca entre os agricultores e agricultoras, como também continuar o trabalho, envolvendo e aproximando as novas gerações. “Temos aqui sementes de qualidade, sementes naturais, diferentes de sementes que são compradas ou que a gente ganha sem saber a origem. Temos aqui sementes que a gente conhece e aprendeu a cultivar e guardar com nossos antepassados.”, completa.

Tão pequenas e ao mesmo tempo tão cheias de histórias, cada semente armazenada na Casa de Sementes traz consigo as lutas dos agricultores e agricultoras familiares, sua cultura e a relação de afeto com o solo e a natureza. Cada semente carrega uma história e uma tradição. O broto de cada uma delas representa o alimento para a vida e para os sonhos de pessoas que acreditam que é possível viver bem e com dignidade no semiárido.

Além da estruturação física do banco de sementes, o P1+2, ação da ASA que estimula a produção de alimentos no Semiárido, também promove diversos intercâmbios entre agricultores/as familiares que funcionam como espaços para aprofundar a importância da preservação das sementes crioulas e fortalecer o trabalho da agricultura familiar.

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