“Não troque seu voto por água. A água é um direito seu!”
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Nenem, do MST, durante fala sobre a água | Foto: Amanda Sampaio / Arquivo Cetra |
Na última sexta-feira, dia 05, o Fórum Cearense pela Vida no Semiárido – FCVSA relançou a campanha “Não troque seu voto por água. A água é um direito seu!” da Articulação Semiárido Brasileiro (ASA). O evento aconteceu na Casa Amarela Eusélio de Oliveira, em Fortaleza, com a exibição do filme “Dona Caroba em: Não troque seu voto por água” realizada pela Rede de Comunicadores do FCVSA.
O lançamento contou com a participação de diversas entidades e após a exibição do filme aconteceu um debate com a participação do Ministério Público Eleitoral, a Rede de Advogados Populares (Renap), Conselho Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (Consea), Fórum Cearense pela Vida no Semiárido (FCVSA) e uma Agricultura. Na fala inicial, Cristina Nascimento, da coordenação colegiada do FCVSA e da ASA traz o histórico da campanha e como as entidades do fórum e ASA tem mobilizado o debate e a reflexão em torno do tema e lembra que a participação dos debatedores é importante para maios conhecimento sobre o as medidas cabíveis para combater essa prática de compra de votos.
No debate foi possível refletir sobre algumas questões que o filme levanta, como o crime eleitoral e a conscientização dos cidadãos sobre seus direitos. Na fala do representante do Ministério Público Eleitoral, procurador regional eleitoral Rômulo Moreira foi destacando os avanços nos últimos anos “Somos uma democracia nova ainda, estamos aprendendo aos poucos a sermos cidadãos (…) temos avançado, embora haja muita corrupção e desconhecimento”. Outro aspecto destacado na fala do advogado foi reiterar a importância de denunciar as pessoas que se utilizam da compra de votos, entrando em contato com os TREs, mas apresentando denuncia com fatos concretos facilitando a ação do tribunal.
Rodrigo de Medeiros, advogado integrante da Renap, ressaltou o pouco investimento em políticas públicas de convivência com o semiárido segundo ele diz “até mesmo as políticas públicas positivas acabam agindo em nome do agronegócio e empresas”. Ao fim, Rodrigo ressalta o trabalho e a disponibilidade da Renap em estar próximo a essas questões durante as eleições de 2014. A fala de Hélder Nogueira da CUT e da professora Elza Braga, representante do Consea, foram em cima da importância das políticas públicas de convivência com o semiárido e o Plebiscito Popular, destacando o papel determinante que uma reforma política como um dos pilares para a mudança das práticas eleitorais.
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Plateia confere debate e filme | Foto: Amanda Sampaio / Arquivo Cetra |
Por fim, a agricultora familiar Maria Santa, de Limoeiro do Norte lembra a importância dos Programas Um Milhão de Cisterna (P1MC) e do Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2) como políticas públicas diferenciadas por serem construídas em cima de uma parceria entre governo, entidades e agricultores, e que essa prática é de construção de conhecimento coletivo, mas que, embora seja importante, ainda esbarra em diversos problemas, como a agricultora lembra “a questão da terra, temos pouca terra e muito companheiros não tem nem espaço pra colocar cisterna”.
Após a fala dos representantes da mesa, foi aberto o microfone ao público e nas falas foi possível retirar algumas sugestões, como a disponibilidade dos conselhos e sindicatos para suporte nas denuncias de compra de voto, as ações de divulgação da campanha através da distribuição do filme e debate em torno do tema não só na capital mas em todas as regiões possíveis. Outras falas frisaram que é importante elevar o debate sobre convivência com o Semiárido para pautar políticas públicas e que a cultura e arte são ferramentas de dialogo fundamentais para conscientização da população.
Por fim, Nenem, integrante do MST, fala que embora existam alguns projetos, é preciso refletir que maioria da população ainda sofre demais com a má distribuição de água, que alguns órgãos, como DNOCS e INCRA, que atuam no Semiárido há décadas (no caso DNOCS é um século) pouco avançaram sobre os problemas “na seca da década de 70, quem comandou a distribuição de água foi o exército, porque vivíamos numa ditadura, hoje, quarenta e tantos anos depois, o exército continua à frente desse processo, avançamos pra onde?” e finaliza lembrando que a água é um objeto de disputa e que só o povo conseguirá criar alternativa e vencer essas disputa.
Agora a campanha “Não troque seu voto por água. A água é um direito seu!” vai partir para o interior do estado, através da exibição do filme e debate com agricultores locais além da montagem da peça “Auto de Dona Caroba” junto aos grupos de teatro popular parceiros do FCVSA.