Mobilizações propõem mudanças no sistema político brasileiro
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Até o próximo domingo (07), a população brasileira pode dar mais um passo na luta pela chamada participação política direta. Cidadãos e cidadãs, com mais de 16 anos, podem escolher o “sim” na pretensão de lutar pela efetiva representação popular nas políticas públicas do país. O Plebiscito pela Constituinte Exclusiva e Soberana sobre o Sistema Político está nas ruas e nas áreas rurais coletando votos de quem pretende “mudar as regras do jogo” na velha estruturação política brasileira.
Na Paraíba, organizações e movimentos sociais também estão articulados na defesa da Reforma do Sistema Político Brasileiro. Nesta Semana da Pátria (1º a 07 de setembro), urnas estão instaladas em cerca de 30 municípios paraibanos, onde estão funcionando comitês da campanha.
De acordo com Marcos Antônio Freitas, da Consulta Popular, que integra a Secretaria Estadual do Plebiscito Constituinte, estão sendo feitas mobilizações para convidar a população a participar e votar. Ele ressalta o uso de megafones, panfletagem de materiais explicativos e articulação com as rádios para permanecer divulgando a campanha e os locais de votação: “nossa meta é a instalação de 500 urnas espalhadas pelo estado. Mas as pessoas maiores de 16 anos, quem quiserem participar naqueles municípios onde não existe a urna, poderão votar pela internet, no site do Plebiscito (www.plebiscitoconstituinte.org.br), preenchendo uma ficha com o número de um documento com foto”.
A Campanha que exige um congresso nacional mais representativo para o povo segue firme também no interior da Paraíba. Em Patos, o coordenador da Cáritas NE II e coordenador executivo da ASA no Estado da Paraíba, Anchieta Assis, participa diretamente da campanha. Ele defende as mudanças no sistema político brasileiro para fortalecer ainda questões como a convivência com o Semiárido, a reforma agrária e a defesa e multiplicação das sementes crioulas.
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Anchieta Assis está empenhado na Campanha na região de Patos, na Paraíba. | Foto: Arquivo pessoal. |
“A composição do Congresso [Nacional] é, em sua grande maioria, composta por empresários, dentre eles, empresários rurais. Os chamados ruralistas. Então fica difícil da gente avançar em políticas públicas para o rural e para o Semiárido com esse grupo de parlamentares cheios de poder e fazendo politicas contrárias ao que queremos”, ressalta Anchieta.
A insatisfação de Anchieta ganha eco diante de outros pontos de reivindicação da Campanha e de boa parte da população brasileira. O Plebiscito da Constituinte pretende combater a complexa teia de elementos das campanhas eleitorais, que favorecem à lógica de “quem pode gastar mais” e o financiamento com as empresas privadas.
Os números percentuais da composição a nossa composição de senadores e deputados revela a perpetuação de uma minoria no poder. De acordo com a Campanha, há uma frágil representação das classes sociais e econômicas mais massivas do país, além de um perfil patriarcal e sem diversidade étnica:
• mais de 70% de fazendeiros e empresários (da educação, da saúde, industriais, etc) sendo que maioria da população é composta de trabalhadores e camponeses.
• 9% de Mulheres, sendo que as mulheres são mais da metade da população brasileira.
• 8,5% de Negros, sendo que 51% dos brasileiros se auto-declaram negros.
• Menos de 3% de Jovens, sendo que os Jovens (de 16 a 35 anos) representam 40% do eleitorado do Brasil.
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Evento contemplou reflexões e propostas no campo político do país | Foto: Arquivo Centrac |
Fala Juventude! – Nesse contexto da representação e participação política, cerca de 60 jovens rurais, quilombolas, indígenas e representantes de entidades juvenis e movimentos sociais da Paraíba estiveram reunidos, nos dias 22 a 24 de agosto, na cidade de Alagoa Grande, no Brejo paraibano, participando do Seminário “Fala Juventude! Jovens construindo e exercendo cidadania”.
Na análise coletiva da situação da representação política na Paraíba, o grupo fez uma reflexão sobre as configurações do poder no seu Estado. Sonia Marinho, educadora do Centrac, facilitou o momento e lembrou a importância de analisarmos com todo cuidado os candidatos e candidatas nos quais pretendemos votar: “Precisamos olhar para os seus planos de governo e olhar também para as suas vidas, e qual tem sido a sua conduta. Muitos deles/as já exerceram mandatos e precisamos verificar se cumpriram com o que prometeram quando estiveram no poder”.
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Jovens de comunidades tradicionais participaram do Fala Juventude! | Foto: Arquivo Centrac |
Entre as propostas levantadas, os jovens no Seminário defenderam a sensibilização contra a opressão cultural; a criação de mecanismo de incentivo à iniciativa juvenil, a exemplo de um fundo de incentivo exclusivo para a categoria; a capacitação para artistas e agentes culturais, garantindo a igualdade de condições para competir em editais; a criação de mais espaços de lazer e convivências nas periferias; a formação em cidadania, entre outras. Todas as propostas foram debatidas em plenária e irão compor uma Carta Política que será entregue aos candidatos ao Governo do Estado da Paraíba.
*Assessoria de Comunicação do Centrac
**Asacom