Projeto Jovens Radialistas forma comunicadores no Semiárido piauiense

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Jovens participantes do projeto | Foto: Arquivo

Chuvas irregulares no verão, inverno seco, altas temperaturas e estiagem. Este é o cenário em que os Jovens Radialistas do Semiárido atuam no Piauí. O projeto tem como objetivo a redução da pobreza e a promoção do desenvolvimento local através da formação profissional em comunicação a serviço da educação.

Por meio de Curso Técnico em Comunicação, cerca de 240 comunicadores serão formados nos próximos dois anos. São jovens entre 15 a 29 anos, habilitados a atuar em assessoria de comunicação, mídias sociais, organização de eventos, rádio e TV. O curso tem registro profissional emitido pelo Ministério do Trabalho e Emprego, válido em todo o Brasil, e diploma reconhecido pelo MEC, através do Conselho Estadual de Educação do Piauí.

O Projeto Jovens Radialistas do Semiárido possibilita aos jovens em situação de vulnerabilidade social a inserção no mercado de trabalho, através de estágios, participação no Banco de Vozes e o estímulo a ações empreendedoras. Para mudar a realidade local eles são estimulados a ampliar seu protagonismo e a incidência política por meio de produção de programas de rádio, campanhas educativas e posts para Internet sobre a convivência com o Semiárido.

O projeto é uma realização do Instituto Comradio do Brasil, que atua na promoção da comunicação voltada para a conquista da cidadania com foco no desenvolvimento local e sustentável. Conta com apoio da organização não governamental suíça Brücke Le Pont e patrocínio da Petrobras. É executado em parceria com o Sindicato dos Radialistas do Piauí, Secretaria Estadual de Trabalho, Emprego e empreendedorismo (SETRE-PI) e com a Federação Nacional dos Radialistas.

Área de atuação
Desde 2011 o projeto atua em Picos e Oeiras, e em três anos já formou mais de 260 comunicadores de 62 cidades piauienses. Em 2014, além de manter turmas nesses dois municípios, foi ampliado para São Raimundo Nonato. “O projeto precisava expandir e São Raimundo Nonato está no centro do Semiárido e tem potencial em comunicação para se desenvolver”, explica o presidente do Instituto Comradio do Brasil, Iraildon Mota. Apesar das turmas funcionarem em três cidades sedes, o projeto atende também jovens das cidades vizinhas com vivências semelhantes.
 
Transformação
Através dos conhecimentos adquiridos, os jovens radialistas estarão habilitados a produzir suas próprias notícias e, a partir delas, promover transformações na comunidade. É o caso de Marcília Rodrigues, que prefere ser chamada pelo “nome de guerra”, Chitara. A jovem mora no Assentamento Quilombola Saco do Curtume, localizado em São João do Piauí, há 101 km de São Raimundo Nonato, local das aulas.

Comunicadores em ação | Foto: Arquivo

Chitara é membro da Cooperativa Mista de Empreendedorismo e Serviço da Capoeira Quilombola, que realiza um trabalho de preservação e resgate da cultura negra no sul do Piauí. No grupo não existe comunicador social e para que as atividades da cooperativa sejam divulgadas, a jovem aposta no projeto. “Espero aprender técnicas de comunicação que possam nos ajudar a dar mais visibilidade a nossa comunidade pela Internet”, destacou.

Para o diretor do Instituto Comradio do Brasil, Jessé Barbosa, a importância maior do Projeto é sua abordagem de comunicação como meio de transformação social. “O que os alunos estão aprendendo aqui é fazer comunicação, o que nessa região é importantíssimo para o desenvolvimento dela, desde que faça comunicação com foco na solução e não no problema”, afirma.

Sustentabilidade do projeto
Para que o projeto possa ter sustentabilidade, após o encerramento das atividades, é planejada a criação do Coletivo de Comunicação Cidadã. O C3 é uma entidade cuja missão é gerenciar o Sistema de Informação Cidadã, bem como apoiar, treinar e amparar os empreendimentos executados pelo Centro de Produção EmdiaBrasil, criados pelos alunos e ex-alunos.

O Sistema de Informação Cidadã ou Observatório do Semiárido é uma plataforma na internet com o objeto de reunir informações sobre educação, água, solo, economia, agricultura, saúde, segurança, infraestrutura no sentido de estimular e acompanhar as políticas públicas de convivência com o Semiárido.

O Centro de produção EmdiaBrasil busca construir uma rede via satélite que link as Rádios Comunitárias e Educativas para produção conjunta e troca de conteúdo entre as várias regiões. Isto garante a incidência política do projeto na região, além de servir como canal para os vários movimentos sociais ampliarem sua voz na região.

*Colaborou Diego Lopes, do ComRadio.

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